04/Dec/2024
A AgroGalaxy não tem planos imediatos de venda de ativos, incluindo a Sementes Campeã, unidade que reportou receita de R$ 605 milhões e Ebitda ajustado de R$ 80 milhões no ano passado. O foco agora é reorganizar a operação e não considerar vendas. Eventuais movimentos estratégicos podem ser considerados após a conclusão da recuperação judicial. O grupo, formado a partir de aquisições realizadas pelo fundo Aqua Capital desde 2016, incluindo Rural Brasil, Agro100, Sementes Boa Nova, Grão de Ouro, Agro Ferrari e Ferrari Zagatto, tem como prioridade atual a reestruturação operacional após o pedido de recuperação protocolado em setembro. A Sementes Campeã, que representa 11% da receita com insumos, mas gera 23% do Ebitda consolidado, é vista como um ativo valioso que poderia despertar interesse do mercado, especialmente por sua unidade de beneficiamento de sementes (UBS) em Água Fria de Goiás (GO).
A forte oscilação das ações da empresa na B3 na semana passada não está relacionada a nenhuma negociação em andamento. Na quinta-feira (28/11), os papéis chegaram a subir 121% e atingir R$ 1,04, maior cotação desde o início da recuperação judicial, mas fecharam com alta menor, de 59,57%, a R$ 0,75. Foi o segundo pregão seguido de fortes altas. Na quarta-feira (27/11), a valorização havia sido de 20,51%. Analistas atribuem a volatilidade ao perfil de "penny stock" dos papéis, onde pequenas variações em centavos podem representar oscilações percentuais expressivas. No campo jurídico, a empresa enfrenta desafios com bloqueios de valores. O Banco ABC Brasil mantém cerca de R$ 35 milhões retidos, enquanto o Banco do Brasil conseguiu, na semana passada, uma decisão favorável do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) que permite a retenção de recebíveis dados em garantia.
O desembargador Breno Caiado estabeleceu que "os créditos provenientes de garantia fiduciária não são de propriedade da empresa recuperanda, mas sim de propriedade do credor", reformando decisões anteriores que protegiam esses valores. A AgroGalaxy protocolou, na segunda-feira (02/12) seu plano de recuperação judicial na 19ª Vara Cível de Goiânia, estabelecendo condições diferenciadas para produtores rurais e fornecedores que mantiverem parcerias durante o processo. A empresa já possui novos acordos comerciais para operação da safrinha, especialmente com misturadoras regionais de fertilizantes, em um modelo que busca preservar capital de giro. Em fato relevante divulgado no início de novembro, a companhia anunciou o adiamento excepcional da divulgação de suas informações financeiras trimestrais, referentes aos nove meses encerrados em 30 de setembro, para 19 de dezembro. A empresa citou o "processo de reestruturação interna" e a "redução temporária da força de trabalho" como motivos para o atraso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.