29/Nov/2024
O setor de transportes é o segundo maior emissor de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil, atrás apenas de atividades agrícolas. No entanto, cerca de 40% dos operadores logísticos que atuam no País ainda não adotam medidas para reduzir emissões poluentes. Para mapear a situação e estimular a implementação de iniciativas sustentáveis, a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol) elaborou o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa. O estudo foi desenvolvido em parceria com o Instituto Via Green. É preciso conhecer a doença para receitar o remédio.
O inventário é um primeiro passo essencial para informar as empresas e engajá-las no tema, afirma o Instituto Via Green. O estudo mostra que 44,4% dos operadores não possuem metas definidas para redução de emissões e 55,6% ainda não adotaram qualquer estratégia para adaptação às mudanças climáticas. Entre os cerca de 60% respondentes que já adotaram medidas para diminuir as emissões, o uso de energia renovável e a eficiência e otimização de processos são as mais comuns. Combustíveis alternativos foram apontados por 50% das empresas, mesmo que em fase inicial, e inclui veículos elétricos, etanol, GNV e biometano.
Os custos foram citados como principal dificuldade para adoção de práticas para reduzir emissões. Na lista entram também desafios de alinhamento com stakeholders e acesso a combustíveis e tecnologias alternativas. A Abol destaca que os operadores só conseguem repassar 3% dos custos relacionados à descarbonização para o preço final dos serviços oferecidos. Além disso, um operador atende, em média, nove nichos diferentes da economia, o que demanda soluções variadas e, consequentemente, mais investimentos. O inventário de emissões contabilizou um total de 973.987 toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) emitidas pelo setor entre janeiro e dezembro de 2023.
O escopo 1, que engloba o consumo de combustível para transporte e movimentação de carga, concentrou 58,8% do total. Neste cenário, o estudo estima que 50% dos operadores Logísticos associados à Abol possam ser regulados se considerados os escopos 1, 2 e 3, conforme a proposta regulada do Mercado de Carbono aprovada recentemente pelo Congresso. Caso sejam considerados apenas os escopos 1 e 2, 35% estariam sujeitos à regulação. O mercado regulado de carbono vai ser um grande acelerador do processo de descarbonização.
A expectativa é que a legislação, que prevê que as empresas prestem contas ao governo sobre as emissões, estimule também as companhias a adotarem medidas relacionadas à sustentabilidade. O inventário teve uma adesão de 70% entre os associados da Abol, que somam 31 empresas. Estas companhias transportam 81 milhões de toneladas das 432 milhões de toneladas totais operadas no Brasil. A receita operacional bruta das associadas soma R$ 36 bilhões ante o montante setorial de R$ 192 bilhões, segundo dados de 2024. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.