26/Nov/2024
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a fonte solar acaba de atingir a marca histórica de 50 gigawatts (GW) de potência instalada operacional no Brasil, e mais de 1,5 milhão de empregos verdes acumulados desde 2012. Neste período, o setor trouxe ao Brasil cerca de R$ 230 bilhões em investimentos e foi impulsionado pelo segmento de geração distribuída, responsável por 33,5 GW desse total. As grandes usinas fotovoltaicas atingiram 16,5 GW este ano. Com este novo marco, o Brasil entra para o seleto grupo dos seis países no mundo a ultrapassar 50 GW da fonte solar, juntamente com China, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Índia, que lideram nesta ordem o ranking global de potência instalada fotovoltaica. Com a marca de 50 GW, a energia solar equivale a 20,7% da capacidade instalada da matriz elétrica brasileira, sendo a segunda maior fonte do País, atrás apenas das hidrelétricas. Em geração efetiva de eletricidade, a fonte também tem ficado em destaque, ultrapassando a geração eólica, segundo os mais recentes Boletins de Operações do Operador Nacional do Sistema (ONS).
Pelo último documento disponível, a geração solar foi responsável por 14,29% (9,9 mil MW médios) do fornecimento de carga de domingo (24/11), enquanto a energia eólica, terceira maior fonte de energia elétrica do País, ficou com 11,89% (8,2 mil MW médios). Desde 2012 a fonte solar já evitou a emissão de cerca de 60,6 milhões de toneladas de CO2, e gerou mais de R$ 71 bilhões de arrecadação aos cofres públicos. O novo marco da geração solar chega no momento em que o setor trava uma luta com o governo federal por causa de um recente novo aumento do imposto de importação sobre módulos fotovoltaicos (painéis solares), de 9,6% para 25%. A medida prejudica o avanço da tecnologia no Brasil, pois encarece a energia solar para os consumidores residenciais, comerciais, industriais, rurais e públicos, dificultando o acesso à fonte solar pela população, justamente em um momento em que o mundo trabalha para combater as mudanças climáticas.
Por mais que os 50 GW sejam motivo de comemoração, a medida do governo, definida de maneira unilateral, sem ouvir a sociedade e o mercado, mancha a trajetória de sucesso da energia solar no Brasil e ameaça os investimentos atuais e futuros, com risco de aumento da inflação, perda dos empregos verdes já gerados e insegurança jurídica para as empresas que atuam no País. A Absolar fez um mapeamento sobre os projetos em potencial risco com o aumento de imposto de importação. Segundo o documento, pelo menos 281 empreendimentos fotovoltaicos estão em situação crítica, incluindo um montante de mais de 25 gigawatts (GW) e R$ 97 bilhões em investimentos que seriam entregues até 2026. Estes projetos poderiam contribuir para a geração de mais de 750 mil novos empregos verdes e a redução de 39,1 milhões de toneladas de CO2. O Brasil se prepara para sediar a COP30, em Belém, no Pará.
No entanto, com essa medida contrária à energia solar, o País vai na contramão dos esforços de promover a transição energética e se distancia da posição de liderança e protagonismo na geopolítica do combate ao aquecimento global. Pela análise da entidade, a medida do governo pode inviabilizar os projetos por completo, por conta da perda automática do financiamento vinculado ao empreendimento, trazendo alto risco na modelagem financeira das grandes usinas solares. O financiamento desses empreendimentos exige um padrão de certificação e qualidade nos equipamentos utilizados que as indústrias nacionais ainda não possuem, o que obriga a compra dos equipamentos importados, agora sobretaxados. As duas únicas fábricas nacionais de módulos fotovoltaicos não possuem capacidade de suprir nem 5% da demanda nacional de painéis solares, pois possuem uma capacidade de produção máxima de 1 GW por ano, montando os equipamentos a partir de insumos importados, ao passo que a demanda do mercado solar brasileiro em 2023 foi de mais de 17 GW. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.