19/Nov/2024
No momento em que grandes distribuidoras de insumos agropecuários enfrentam dificuldades, com queda nos preços dos insumos e aumento nos custos financeiros, a Naval Fertilizantes, de Campo Novo do Parecis (MT), prepara a expansão de lojas adotando o modelo de franquia. A empresa especializada em produtos biológicos, nutrição e tecnologia para lavouras e pastagens, planeja abrir 40 unidades de franquia até o fim da safra 2024/2025 e ampliar o faturamento de R$ 52 milhões no ciclo passado para R$ 120 milhões na atual temporada. A empresa está na fase de seleção de franqueados e 17 estão em processo muito avançado. A Naval tem buscado empreendedores que já têm experiência na revenda de insumos e têm uma carteira inicial de clientes. A empresa oferece três formatos de franquia, plano, com investimento inicial a partir de R$ 83,1 mil; sênior, a partir de R$ 120,5 mil; e master, a partir de R$ 138,5 mil. Até 2030, a meta, ambiciosa, é atingir 1.140 unidades de franquia no País, com faturamento acima de R$ 2 bilhões.
É um projeto ousado, mas possível, considerando a perspectiva de demanda crescente de fertilizantes no Brasil. Atualmente, a Naval atende pouco mais de 400 clientes em Mato Grosso, Pará, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. A expansão vai começar por Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Rondônia e Tocantins. Além de treinar os franqueados e oferecer o plano de marketing, a Naval Fertilizantes vai fornecer os fertilizantes. A empresa compra as matérias-primas, e a mistura das formulações é feita por uma indústria terceirizada. Futuramente, a companhia planeja ter indústria própria. O momento é favorável à expansão do negócio. O momento de crise oferece uma oportunidade porque com a saída de concorrentes, abre-se o espaço para crescer. Para sustentar parte da expansão, a companhia planeja uma emissão de dívida de R$ 16 milhões, que pode ser um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (Fdic), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) ou Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA).
Outra empresa que pretende elevar o número de revendas é a Agrex do Brasil, pertencente à japonesa Mitsubishi Corporation. A empresa tem 22 lojas das bandeiras Agrex e Synagro. Duas filiais serão abertas em breve. O plano é chegar a cerca de 30 até 2028. A Agrex anunciou recentemente investimentos de aproximadamente R$ 700 milhões na expansão das suas operações de distribuição de insumos, produção agrícola e infraestrutura. Os recursos serão usados na abertura de revendas, ampliação da produção própria de soja e milho, expansão do negócio de sementes e armazéns. A Naval Fertilizantes e a Agrex buscam crescer no momento em que grandes distribuidoras de insumos agropecuários passam por problemas financeiros, por causa da queda nos preços dos insumos e também do aumento dos gastos financeiros. De acordo com dados do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do segmento de insumos teve queda de 8,13% no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2023.
Os resultados foram afetados pela queda nas cotações das commodities e na quebra de produção, principalmente da soja, por conta do clima. Um exemplo emblemático é o da AgroGalaxy, que entrou em recuperação judicial com dívidas de R$ 4,6 bilhões. Os produtores rurais afetados pela quebra de safra e pela redução nos preços das commodities atrasaram o pagamento de insumos adquiridos na AgroGalaxy, que viu o nível de inadimplência dos clientes saltar para 60% do seu faturamento. Sem liquidez, o grupo ficou impossibilitado de honrar suas dívidas, recorrendo à recuperação judicial. A AgroGalaxy reduziu o número de lojas de 169 para 74 em função dessa crise. Sua maior concorrente, a Lavoro, também cortou o número de lojas neste ano em 39 unidades, passando para 181. A companhia encerrou o ano fiscal 2024, finalizado em 30 de junho, com prejuízo líquido de US$ 154,6 milhões, ante um prejuízo de US$ 43,7 milhões no ano fiscal anterior. A receita cresceu 5%, para US$ 1,9 bilhão, com ganho de participação de mercado, apesar da queda nos preços dos insumos. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.