19/Nov/2024
A perda alarmante de nascentes e assoreamento de rios na região rural do oeste do Paraná é revelada em um estudo técnico-científico promovido pela Embrapa, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) e parceiros. O estudo traz indicativos para basear políticas públicas que devem ter foco em ações voltadas ao manejo de solo, água e vegetação e inclusão do componente florestal nas propriedades, entre outras. O estudo aponta, no total, sete indicativos para políticas públicas, incluindo financiamento de projetos de conservação e incentivos fiscais. A região encontra-se com sistemas produtivos que adotam tecnologias de ponta, porém apresenta deficiências no que concerne à preservação de florestas fluviais, estejam elas em rios ou cabeceiras de drenagem, destaca a Embrapa Florestas.
No oeste do Paraná, os principais segmentos de atuação agrícola são avicultura, suinocultura, soja, milho e leite. As análises realizadas na Bacia Hidrográfica Paraná III consideraram caracterização de solos e clima, vegetação fluvial, geologia e processos erosivos, entre outros. Os resultados demonstram a necessidade da gestão mais integrada dos recursos naturais e o desenvolvimento premente de ações que harmonizem a produção agropecuária e a preservação ambiental. O estudo resultou na publicação dos Anais da 1ª Reunião de Correlação e Classificação de Solos e Vegetação Fluvial (RCCSV), em março deste ano, e traz indicativos inéditos para orientar políticas públicas e tomadas de decisão voltadas, principalmente, ao uso de práticas mais sustentáveis na região.
A perda de nascentes e o assoreamento de rios são provocados, entre outros fatores, por práticas de manejo inadequadas aplicadas à agropecuária, urbanização desordenada e desmatamento. Essas constatações tiveram como base os resultados do PronaSolos Paraná (levantamento dos solos paranaenses) e do projeto Ação Integrada de Solo e Água (AISA), além de apurações de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Soja e o IDR-PR. O estudo apresenta os principais desafios para o manejo sustentável dos solos na região, como a erosão, a compactação e a perda de matéria orgânica. Mas, paralelamente, apresenta oportunidades para melhorar as práticas agrícolas e aumentar a produtividade de forma sustentável.
O plantio direto, a rotação de culturas, o uso de coberturas vegetais e o manejo integrado de pragas e doenças são algumas das práticas que contribuem para a melhoria da qualidade do solo e a redução dos impactos ambientais. Também está entre as ações prioritárias indicadas pelo grupo técnico o desenvolvimento de uma base de dados georreferenciada e padronizada, que permita a integração dos dados e mapas; a criação e regulamentação de legislação que incentive a conservação de solo e água, assim como a garantia de pagamento aos produtores que conservem seus recursos, bem como o financiamento, via crédito rural, para propriedades que adotem práticas conservacionistas. O IDR-PR explica como parte do trabalho em campo foi realizado. Foi feita a conexão da pedologia com o manejo do solo considerado ideal, levando em conta a aptidão agrícola dos solos estudados.
A Embrapa Soja vem analisando as relações entre pedologia e manejo do solo, no sentido de integrar essas informações para otimizar o uso de insumos, como sementes e fertilizantes, reduzir a compactação, aumentar a resiliência e aumentar a produtividade e rentabilidade dos sistemas de produção de grãos. A ideia é avançar no entendimento dos fatores mais limitantes em cada classe de solo e de que forma o manejo pode contribuir para reduzi-los, permitindo maior rentabilidade e estabilidade da produção em sistemas agrícolas e pecuários. Participaram do estudo a Embrapa Florestas e a Embrapa Soja, ambas localizadas no Paraná, e o IDR-PR, com patrocínio da Itaipu Binacional e do governo do Paraná, além do apoio técnico de universidades e instituições de pesquisa. Os conhecimentos, dados, informações e tecnologias apontados pelo grupo técnico precisam de apoio continuado para que sejam adotados. Para isso, é fundamental que induzam políticas públicas de Estado. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.