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07/Nov/2024

Terras agrícolas: posse da China preocupa os EUA

A oposição à propriedade chinesa de terras agrícolas nos Estados Unidos, em nome da segurança econômica e nacional, tem sido uma mensagem popular no mais recente ciclo eleitoral do país. Mais de US$ 8 milhões foram gastos em anúncios no pleito de 2024, tanto de democratas quanto de republicanos, segundo dados do rastreador de anúncios AdImpact. Algumas das maiores empresas criticadas por supostamente serem proprietárias chinesas de terras nos Estados Unidos estão reagindo, destacando a supervisão limitada que o governo norte-americano tem sobre o assunto. Poucos concordam sobre o que realmente seria a propriedade chinesa ou qual aspecto dessa propriedade seria prejudicial para os Estados Unidos, mesmo quando as terras estão próximas a instalações militares.

A Smithfield Foods, maior produtora de carne suína do país, é um exemplo. A empresa foi adquirida por uma empresa chinesa em 2013, e tem cerca de 56,66 mil hectares nos Estados Unidos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O CEO da companhia contestou as preocupações de que a propriedade chinesa da empresa ameaça a cadeia de suprimentos alimentar dos Estados Unidos, dizendo que isso ajudou a impulsionar o crescimento da companhia. Além dela, a Walton Global foi identificada pelo governo como uma proprietária chinesa de terras agrícolas dos Estados Unidos. A empresa privada de "land-banking" (banco de terras) abriu quatro novos escritórios na China desde 2018 e, no ano passado, foi indicada pelo USDA como um dos cinco maiores proprietários chineses de terras agrícolas norte-americanas.

No entanto, a empresa solicitou a reclassificação de grande parte de suas terras como sendo de investidores de outros países, após o Wall Street Journal questionar sobre suas posses. A empresa afirmou que o USDA cometeu um erro. Segundo o USDA, o banco de dados foi atualizado após discussões com a Walton e a revisão de seus registros, mostrando menos propriedades de investidores chineses e mais ligadas a outros países, como Canadá, Malásia e Singapura. A Walton tem 14 locais com algum investimento chinês a menos de 24 Km de bases militares, incluindo 2 próximos à Joint Base Andrews, centro de viagens presidenciais. Dois locais da Walton próximos a bases militares com mais de 90% de propriedade chinesa não estão incluídos no banco de dados do USDA porque as terras subjacentes não são designadas como agrícolas.

O CEO da empresa, Bill Doherty, afirmou que faz negócios na China e tem orgulho disso. Mas, salientou que a empresa é de sua propriedade e de sua família. Autoridades de segurança nacional disseram que se preocupam que o governo chinês possa obrigar seus cidadãos a encontrarem uma forma de vigiar locais militares próximos ou coletar outras informações. Adversários que tenham ou invistam em terras próximas às instalações militares representam um risco à segurança nacional, e está na hora de governo, empresas norte-americanas e tribunais reconhecerem isso como tal, afirmou o senador Marco Rubio, da Flórida, o principal republicano no Comitê de Inteligência do Senado. Em setembro, a Câmara, liderada pelos republicanos, aprovou uma legislação destinada a facilitar para o governo a fiscalização de futuras aquisições estrangeiras de terras agrícolas nos Estados Unidos.

O Senado ainda não votou no projeto, mas há um sentimento bipartidário para reduzir ainda mais a propriedade chinesa de terras nos Estados Unidos. O governo chinês classificou tais preocupações como ‘paranoicas’. Alguns democratas disseram que a fiscalização ameaçava se tornar tão extrema que poderia contradizer os valores norte-americanos. Rotular todas as empresas chinesas, investidores chineses e chinês-americano e todas as empresas norte-americanas que fazem negócios com a China como ameaças para os Estados Unidos, sem qualquer evidência real, não é apenas prejudicial para a segurança nacional, mas também contradiz todas as lições aprendidas da história norte-americana, afirmou o representante estadual do Texas, Gene Wu. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.