30/Sep/2024
O pedido de recuperação judicial da AgroGalaxy, com dívidas de R$ 3,8 bilhões, revela fragilidades no modelo de crédito do agronegócio e pode afetar fornecedores e produtores, afirmou o escritório Marcos Martins Advogados. O primeiro e mais urgente desafio será enfrentar discussões com credores financeiros envolvendo a liberação de garantias fiduciárias e grãos que também foram objeto de garantia em contratos com bancos. Apesar de uma decisão judicial ter liberado parte desses recursos, as disputas devem se prolongar, exigindo negociações intensas com as instituições financeiras que têm direito de voto no plano de recuperação.
A saída do antigo CEO e de parte do conselho de administração antes do pedido de RJ cria mais incertezas sobre a condução do processo. Com uma parcial ‘acefalia’ da administração, os novos executivos e conselheiros que forem eleitos ainda terão de 'tomar pé' de muitos assuntos, inclusive das estratégias a serem adotadas na recuperação judicial. O apoio dos credores será crucial para a recuperação da AgroGalaxy. Mediante diálogo e construção de apoio com os principais fomentadores, é possível que a empresa apresente aos credores um plano que seja factível e contemple prazos de pagamento, juros, deságios e demais condições que sejam aceitas por todos.
Foi mencionado que o histórico de aquisições da AgroGalaxy poderá influenciar o processo de recuperação. O grupo deverá ter em conta esse crescimento e identificar possíveis ineficiências, eventualmente adotando estratégia de venda de divisões. Quanto ao financiamento, a empresa poderá buscar o "financiamento DIP" (um empréstimo específico para empresas em recuperação judicial) para manter suas operações durante o processo de reestruturação, desde que consiga oferecer garantias ao financiador. A AgroGalaxy está tentando garantir recursos em caixa ao liberar parte dos valores bloqueados pelos bancos, mas essa negociação pode levar tempo na Justiça.
Foi feito um alerta ainda sobre o potencial ‘efeito dominó’ da crise. É possível que sua crise contribua para aprofundar a crise desses produtores, assim como de fornecedores da empresa. Foi ressaltada a importância da comunicação com credores e investidores. Caso não seja bem gerida, podem surgir riscos como a perda de confiança, o que pode levar à rejeição do plano de recuperação, à fuga de investidores e à deterioração das relações com fornecedores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.