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30/Sep/2024

Insumos: Grupo Portal Agro pede recuperação judicial

Uma semana após a distribuidora de insumos agrícolas AgroGalaxy entrar com pedido de recuperação judicial, os problemas em empresas do agro brasileiro ganharam novos protagonistas. Na quarta-feira (25/09), o Grupo Portal Agro, que atua desde 2008 e comercializa insumos agrícolas para cerca de 250 produtores rurais na região de Paragominas, no Pará, acionou a Justiça para buscar proteção contra os credores. A empresa informou no processo que tem uma dívida de R$ 700 milhões. A companhia detém, em conjunto com a securitizadora Ceres, três Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) no valor total de R$ 122 milhões. Um desses títulos de dívida, de R$ 38,5 milhões, corresponde a 7,2% do patrimônio líquido do Galápagos Recebíveis do Agronegócio, Fiagro da Gestora Galápagos com pouco mais de oito mil cotistas.

Os três maiores devedores do Grupo Portal Agro são as securitizadoras Ceres e Opea, além do Fiagro-FIDC Portal Insumos, voltado para investidores qualificados e gerido pela Milênio Capital Gestão de Investimentos. A situação gera ainda mais preocupações sobre o momento de dificuldade do agronegócio no Brasil e levanta dúvidas sobre um potencial ‘efeito dominó’ no setor. Em decisão publicada na quarta-feira (25/09) pela 2ª Vara Cível e Empresarial de Paragominas do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, a crise no agronegócio brasileiro nos últimos dois anos, caracterizada pela alta dos preços dos insumos e pela queda dos preços das commodities agrícolas, foi apontada como a principal causa do pedido de recuperação judicial do Grupo Portal Agro. Em 2022, com a alta nos preços dos insumos, o grupo recorreu à securitizadora Opea para emitir, via mercado de capitais, Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) para captar recursos para que a empresa pudesse financiar o plantio da safra 2022/2023 dos 250 produtores rurais da região de Paragominas, no Pará.

No entanto, alega a decisão, o grupo foi "surpreendido" pela queda dos preços das commodities na referida safra 2022/2023, em meio ao abastecimento dos estoques de grãos a nível internacional, o que resultou em despesas elevadas e "péssima" rentabilidade. "Informa-se que esse cenário teria ocasionado em alta inadimplência entre os produtores rurais clientes do Grupo Portal Agro, e que apenas parte deles promoveram renegociações de suas dívidas", diz o documento do processo. Diante dos atrasos no pagamento por parte dos produtores rurais, o grupo decidiu, então, buscar financiamentos junto a outras instituições financeiras em 2022 e 2023 na tentativa de cobrir os prejuízos da safra 2022/2023. Além dos CRAs emitidos em conjunto com a Opea, e em meio à crise financeira já instalada no grupo, o Portal Agro recorreu a uma outra securitizadora, a Ceres, que emitiu novos CRAs no mercado para tentar financiar a safra 2023/2024.

Durante a colheita da safra 2023/2024, porém, houve períodos de chuva em quantidade maior do que o esperado, o que provocou prejuízos à empresa, uma vez que as lavouras não foram colhidas. "Além das perdas nas lavouras, houve prejuízos no processo de secagem devido às filas, perda de peso nos silos e desvalorização dos grãos por não atenderem aos critérios mínimos de qualidade para exportação. Isso teria sido agravado pela queda contínua no preço da soja, resultando em um efeito cascata, em que o plantio caro e a colheita muito mais barata do que o esperado se repetiram", diz o documento. Diante das inúmeras circunstâncias infelizes, o Portal Agro ficou descapitalizado e cheio de dívidas em razão da necessidade de aquisição de linhas de crédito com instituições financeiras em um ambiente de juros elevados, o que levou à decisão de entrar com pedido de recuperação judicial. Fonte: Globo Rural.