23/Sep/2024
O pedido de recuperação judicial do AgroGalaxy, grupo varejista de insumos agrícolas, reflete a conjuntura desafiadora do mercado de insumos agrícolas, avalia o sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo. "O mercado como um todo está desafiador. Ao lado deles, há outros players com histórico semelhante pelos mesmos motivos: insumos estocados a preços superiores aos praticados no mercado, atraso na compra de insumos pelos produtores rurais e atrasos nos pagamentos pelos produtores, o que, somado, gera um efeito cascata", observou. "As dificuldades vistas no mercado desde o ano passado não são comuns", pontuou. Ainda assim, disse, o pedido do AgroGalaxy surpreendeu o mercado.
"Havia esperança de que seria um ano de retomada e de que a empresa não precisasse recorrer a esse instrumento para reestruturação, mas o mercado continuou muito difícil", apontou o consultor. Na avaliação de Cogo, um dos principais desafios do setor é administrar o baixo fluxo de caixa. "As revendas não estão recebendo em dia dos produtores. As vendas para a safra 2024/2025 estão atrasadas, acima da média histórica. Além disso, há um repique de casos de RJs de grandes produtores com a margem da soja no menor nível dos últimos 20 anos", considerou.
Outro fator que pesa sobre a liquidez das distribuidoras de insumos é o descasamento ainda presente entre estoques de produtos e preços praticados no mercado. As revendas elevaram as reservas de produtos, sobretudo fertilizantes e defensivos, no início da guerra entre Rússia e Ucrânia a preços elevados. Entretanto, os preços recuaram e as distribuidoras detinham insumos a preços acima do praticado no mercado, o que gerou perda de rentabilidade e dificuldades de repasse ao valor final. "O estoque de insumos ainda não está equalizado. A situação melhorou, mas o mercado está pouco demandado", pontuou Cogo. Para o consultor, apesar de não ser um fato isolado no mercado, a situação de recuperações judiciais em revendas "não é de pânico". Fonte: Broadcast Agro.