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05/Sep/2024

Fertilizantes: BRQ projetando crescimento em 2024

Depois de passar, em 2017, por recuperação judicial, a Brasil Química, uma empresa de fertilizantes de controle familiar, decidiu mudar tudo: o principal executivo passou a ser um funcionário promovido, e não alguém da família, a importação de matéria-prima tornou-se prioridade, em lugar da produção de fertilizantes, a empresa começou a investir em bioinsumos e até mudou de nome. Agora, ela projeta crescer 40% neste ano, quando prevê faturar R$ 210 milhões, e quadruplicar sua receita nos próximos cinco anos, momento em que espera faturar R$ 800 milhões. Nos últimos cinco anos, a BRQ Brasilquímica, o novo nome da companhia, cresceu, em média 30% ao ano, fazendo um caminho de recuperação mais controlado. A BRQ já fez algumas coisas que muitas empresas de insumos estão vivenciando agora, como investir demais, sem ter crédito, em vez de controlar o caixa.

Foi assim que entrou em recuperação judicial. Por isso, diminuiu a fabricação de alguns nutrientes, ganhando com aumento de margens e desenvolvendo mais parceiros internacionais, na China e nos Estados Unidos. A reorganização dos negócios começou em 2018. Como parte do plano de reestruturação, a BRQ contratou uma consultoria, pôs no comando da companhia um profissional de fora da família, enxugou custos e preferiu apostar na importação, e não mais na produção, de matérias-primas básicas (NPK). Desde então, o plano de crescimento caminha de forma “escalonada”. A empresa quer encerrar o ano com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) 14% maior que o de 2023, quando o Ebitda já cresceu 10%, segundo ele, que não informa o montante.

A alavancagem da companhia melhorou e, no momento, fica entre 1,5 vezes a 2 vezes o valor do Ebitda. Fundada em 1995 e com sede em Batatais (SP), a empresa teve que demitir boa parte de seus funcionários ao longo do processo de recuperação judicial. Com o enxugamento, seu quadro de funcionários, que era de 130 pessoas, caiu para apenas 52 profissionais. Mas, o contingente ganhou corpo desde então, e, hoje, 160 pessoas trabalham na companhia. Sete anos depois da recuperação judicial, a Brasilquímica, rebatizada de BRQ, já pensa em novos investimentos. A empresa havia investido demais nas fábricas, apoiada em uma estrutura financeira que não era própria. Depois, quando procurou grandes bancos, ficou difícil renegociar dívidas, até que encarou a recuperação judicial.

A relação com fornecedores internacionais, como China, Estados Unidos, Chile e Bolívia, é uma das principais “viradas de chave” do negócio, já que permite à companhia adquirir matérias-primas mais baratas e de qualidade. Atualmente, a empresa importa mais de 70% de seus insumos para formular no Brasil adubos especiais voltados a diferentes culturas, como cana-de-açúcar e café. A empresa melhorou a gestão de resultados e entende que não deve concorrer com multinacionais. Enquanto isso, faz investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, nos quais o maior desafio é ainda o tempo de registro. Só no primeiro semestre, a BRQ lançou sete formulações novas. Nos últimos cinco anos, a empresa, que tem como principais concorrentes nomes da indústria nacional, como Vittia e Multiveg, também conseguiu reduzir seu índice de inadimplência, que hoje é de menos de 1%.

Segundo a BRQ, o produtor não aceita mais ser colocado na parede e nem embarca nas vendas casadas, que, no fim, prejudicam as companhias que têm de baixar o preço. Com fluxo de caixa organizado, não há fusão ou aquisição no horizonte no momento, mas a companhia avaliará eventuais ofertas, desde que com cautela. Apesar de um atraso na comercialização e da possibilidade de falta de insumos no País no momento de aplicação das safras de verão, a empresa descarta que o setor esteja em crise. A BRQ reforçou os estoques para poder duplicar suas vendas no segundo semestre deste ano. A estratégia foi concentrar as importações de matérias-primas chinesas em maio, mês em que os preços recuaram na Ásia. No momento, a empresa tem estoques avaliados em R$ 13 milhões. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.