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22/Aug/2024

Indústria Química: baixo uso da capacidade instalada

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a indústria química brasileira atingiu 63% de utilização de capacidade instalada no primeiro semestre de 2024, 3% abaixo da média registrada em igual período do ano anterior, número considerado abaixo da média do setor. A situação mais crítica em termos de utilização de capacidade instalada encontra-se no grupo de intermediários para fertilizantes, que atingiu 58% no primeiro semestre de 2024, 9% abaixo ante os 67% apurados em igual período do ano anterior. O impacto no indicador foi decorrente da hibernação das plantas de fertilizantes da Unigel. O cenário atual da indústria química tem sido agravado pelo surto de importações vindo de países asiáticos.

A competitividade desses países é sustentada de forma artificial por meio do suprimento de insumos de origem russa, como o gás natural, energia e outras matérias-primas, que possuem preços mais baixos em razão da guerra. Hoje, a China é o principal destino de exportações de óleo e gás da Rússia. Neste contexto, o volume importado de produtos químicos cresceu 21% (excluindo os intermediários para fertilizantes). As maiores altas foram identificadas no grupo de resinas termoplásticas (+48,2%), intermediários para resinas termofixas (+42,4%), solventes industriais (+39,9%) e resinas termofixas (+31%). Os preços do produto estrangeiro recuaram na ordem de 9% em média. As principais quedas foram identificadas em resinas termofixas (-16,1%), intermediários para resinas termofixas (-16%) e resinas termoplásticas (-8,6%).

Ao mesmo tempo em que ocorre aumento nas importações e a taxa de penetração dos produtos importados alcança 45% da demanda brasileira, a indústria local também enfrenta dificuldades para exportar os seus produtos. O volume de exportações no primeiro semestre de 2024 foi 27,5% menor em relação ao mesmo período do ano anterior. O consumo aparente de produtos químicos no primeiro semestre de 2024 cresceu 0,4% na comparação com igual período do ano anterior. No mesmo intervalo, as vendas internas avançaram 4,39%. A entidade reiterou o posicionamento de que setor químico vive um momento crítico, portanto, a leve melhora nos indicadores não traduz fielmente o cenário enfrentado pelo segmento. Os preços dos produtos químicos no mercado doméstico aumentaram.

O acumulado de janeiro a junho de 2024 mostra uma alta nominal de 4,94%, segundo o IGP Abiquim-Fipe. Em termos reais, o IGP Abiquim-Fipe, deflacionado pelo IPA-Indústria de Transformação, acumulou crescimento de 4,8% entre janeiro e junho deste ano. Aumento dos preços de matérias-primas e energia contribuíram para uma maior pressão de custos no mercado nacional. Um dos maiores problemas que a indústria química brasileira enfrenta atualmente está relacionado ao alto nível de preços do gás natural. O insumo é estratégico para a produção do setor, visto que desempenha duplo papel, sendo uma importante matéria-prima ao mesmo tempo em que também é fonte de energia. A indústria química nacional paga US$ 12,4 por milhão de BTUs (MMBTU). O mesmo produto é vendido por US$ 1,5 por milhão de BTUs (MMBTU) nos Estados Unidos. Na Europa o valor é de US$ 8,6 por milhão de BTUs (MMBTU), e na fronteira da Bolívia com o Brasil o insumo é comercializado a US$ 6,2 por milhão de BTUs (MMBTU).

A busca por soluções para aumentar o suprimento de gás no mercado nacional e reduzir os preços do insumo tem sido uma das principais frentes de atuação da Abiquim. Em abril, a entidade firmou uma parceria com a Petrobras para avançar na compra do insumo no mercado livre, além da busca por alternativas para elevar a oferta do produto. Em julho, o setor também acompanhou o governo em visita à Bolívia e contribuiu nas negociações para sensibilizar o país vizinho a fortalecer o suprimento de gás ao Brasil por meio do Gasbol (Gasoduto Brasil-Bolívia), em conjunto com a utilização de gás da Argentina. De forma emergencial, a entidade defende a elevação do imposto de importação para 63 produtos químicos, como um instrumento para compensar o desequilíbrio das condições de produção no Brasil ante os concorrentes do setor na Ásia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.