12/Aug/2024
A canadense Nutrien perdeu US$ 220 milhões no segundo trimestre, ou cerca de R$ 1,2 bilhão, com contratos de derivativos cambiais feitos com instituições financeiras no Brasil por uma pessoa não autorizada a realizar essas operações. Assim que divulgou o balanço com a perda, a fabricante de fertilizantes anunciou uma troca na diretoria financeira. A perda com os derivativos pesou sobre o resultado no trimestre, quando a companhia registrou queda de 13% em seu lucro líquido, que ficou em US$ 392 milhões, segundo balanço divulgado na quarta-feira (07/08). No mesmo dia, a empresa anunciou que Mark Thompson, atual chefe comercial, assumirá a diretoria financeira em 26 de agosto, substituindo o brasileiro Pedro Farah, que atuará como consultor até o fim do ano. A companhia não relacionou a troca à perda no Brasil. A informação das perdas com derivativos consta nas notas explicativas do balanço.
Em teleconferência, os executivos afirmaram que o problema surgiu porque o escritório no Brasil estava passando por “mudanças organizacionais”, mas que o caso teria sido isolado e que a situação foi “rapidamente remediada”, com supervisão do Comitê de Auditoria. No balanço, a fabricante disse que vai revisar seus títulos financeiros e reestruturar a segregação de funções, conformidade e confirmação, atividades de contabilidade e reconciliação, limites de autoridade e controles de sistemas. Mesmo assim, a companhia continuou tendo perdas com derivativos neste terceiro trimestre. Segundo a própria Nutrien, foram acertados novos contratos a termo no valor de US$ 3 bilhões, com vencimentos entre julho e setembro. Porém, a companhia já teve prejuízo de US$ 12 milhões a valor justo com esses derivativos em julho. De acordo com a Nutrien, os contratos de derivativos relacionados à perda contabilizada no balanço do segundo trimestre foram liquidados no fim de julho.
Os problemas na gestão financeira apenas agravam a situação operacional da companhia, que vem enfrentando queda nas vendas e perdas de lucratividade desde o terceiro trimestre de 2022. No segundo trimestre, as vendas caíram 13%, a US$ 10,15 bilhões. Diante do aperto, a canadense anunciou que está revendo sua estratégia de reestruturação. Em maio, a Nutrien colocou à venda suas operações na Argentina, Uruguai e Chile. Na época, afirmou que o alvo da operação na região era o Brasil, que estaria concentrando os negócios dessas sedes latinas. Agora, a Nutrien citou o Brasil como um mercado com dificuldades, e informou na teleconferência que já fechou 21 unidades de vendas no trimestre no País. A empresa está reavaliando todo o mercado no Brasil de forma estratégica, pois há muita volatilidade. Não se espera que as dificuldades sejam para sempre, é uma questão de tempo para que melhore.
A Nutrien ajustou para baixo suas projeções de resultados e passou a prever um Ebitda ajustado para o varejo entre US$ 1,5 bilhão a US$ 1,7 bilhão (ante US$ 1,65 bilhão e US$ 1,85 bilhão), sendo que o Brasil corresponde a cerca de dois terços da redução. Segundo a companhia, a visão mais pessimista se deve principalmente à instabilidade contínua do mercado no Brasil, bem como ao impacto do plantio atrasado na América do Norte no segundo trimestre. Apesar das incertezas no mercado, o Brasil é local promissor para multinacionais do segmento de bioinsumos. Até então, a empresa mantém ativas suas misturadoras em Itapetininga (SP) e Araxá (MG). Porém, fontes próximas ao setor afirmam que a Nutrien se organiza para também fechar essas unidades. A Nutrien demitiu consultores de vendas e profissionais seniores no primeiro semestre e paralisou contratações até outubro, mas não irá demitir em empresas que adquiriu no País, como a Casa do Adubo. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.