05/Aug/2024
Na visão de Gustavo Horbach, presidente da Eurochem na América do Sul, o Brasil não precisa ser totalmente independente do exterior em termos de fertilizantes para garantir a soberania nacional. É importante que o País aprofunde os estudos do subsolo para garantir o desenvolvimento do setor. Nenhum país é 100% independente de importação de fertilizantes. Não é necessário total independência para garantir soberania, mas produção local que garanta continuidade. A percentagem dessa produção local é uma discussão que não cabe neste momento, pois é preciso investimentos. Para Horbach, o governo tem viabilizado esse avanço com o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), mas a iniciativa privada precisa garantir os investimentos. O programa do governo é ambicioso para reduzir a dependência nacional do produto estrangeiro e foi estrategicamente colocado sob o ministério que é comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
O PNF foi aprovado pelo governo federal em novembro de 2023 e prevê a reativação de fábricas, incentivos a novas plantas e investimento na produção de nutrientes sustentáveis. Cerca de 87% dos fertilizantes usados pela agricultura brasileira são importados. A meta do plano de fertilizantes é chegar até 2050 com uma produção nacional capaz de atender entre 45% e 50% da demanda interna. A Eurochem, que é controlada por capital chinês, está no Brasil desde 2016 e já investiu US$ 2,5 bilhões no país. A companhia tem 22 fábricas misturadoras e um complexo mineroindustrial que está alinhado às demandas do PNF. “O Brasil é o local para se estar enquanto empresa produtora de fertilizantes”, afirmou. A Atlas Agro também tem intensificado os investimentos no Brasil. A empresa irá construir a primeira fábrica de fertilizantes nitrogenados a partir de hidrogênio verde. Com investimento de R$ 4,3 bilhões, a unidade será construída em Uberaba (MG) e utilizará uma matriz 100% limpa, a partir de fontes renováveis como solar e eólica, para produção do hidrogênio verde, amônia verde e os fertilizantes nitrogenados com zero carbono.
A unidade terá capacidade de produção de 500 mil toneladas por ano de fertilizantes para atender os clientes da região. A Atlas foi fundada há três anos para tratar o problema da descarbonização da indústria de fertilizantes. Também há indústrias brasileiras apostando no setor. No início de julho, a Minas Port anunciou o investimento de R$ 200 milhões, com recursos próprios, em uma misturadora dentro do Porto do Açu (RJ). A misturadora de fertilizantes que será implantada representa um passo significativo para o crescimento sustentável da cadeia do agronegócio. A misturadora está projetada com uma capacidade nominal para movimentar 850 mil toneladas por ano. O volume inclui todas as etapas do processo: armazenagem, mistura e envase dos fertilizantes. Com essa capacidade, estará bem-posicionada para atender à demanda do mercado de forma diferenciada. A Minas Port está explorando os potenciais incentivos fiscais que a atividade pode ter. A operação da misturadora será focada no mercado interno. Em um primeiro momento, o projeto visa atender os clientes com custo mais competitivo, trazendo redução para toda cadeia. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.