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26/Jul/2024

Rodovias: transição pode favorecer concessionárias

As concessionárias de rodovias avaliam que há potencial para transformar investimentos voltados à transição energética em receitas extras. A partir da exploração de pontos de carregamento para carros elétricos ou com a venda de crédito pelo mercado de carbono, os recursos são vistos como bem-vindos para auxiliar o financiamento de obras demandadas pela agenda ambiental do País. As discussões sobre como transformar as ações de sustentabilidade em receita já estão em debate pelo setor, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). Se discute não apenas os benefícios da descarbonização, mas também como transformar essas ações em oportunidades. A CCR diz que a identificação de novas fontes de receita a partir do próprio processo de transição energética é um fator importante para viabilizar iniciativas que vão além daquelas previstas em contrato.

Isso vai financiar uma série de investimentos que é preciso fazer para tornar as rodovias mais resilientes. As novas fontes de recursos também podem ser exploradas por estratégia de maior capitalização. O caminho oposto, de não buscar inovações, poderá representar perda de receita, conforme o Instituto Ethos. Em consultoria junto a gestores de empresas e entidades do setor de transportes, o Ethos tem exercitado a reflexão sobre o quanto eles podem ganhar ou perder a depender do posicionamento do novo cenário global. É preciso entender a transição energética como uma oportunidade de mercado. Porque isso vai passar a ser exigido tanto nacionalmente quanto internacionalmente. Os corredores com pontos de recarga para carros elétricos estão no leque de possibilidades para formação de receita acessória. Isso poderá ser alcançado a partir da cobrança por abastecimento.

O modelo da exploração ainda está em discussão, podendo ir de operações controladas apenas pelas concessionárias a parcerias com outras empresas. As instalações já são realidade em trechos da EcoRodovias, maior concessionária de rodovias do País, com 4,7 mil quilômetros administrados. Em parceria com a Volvo, foram instalados 72 pontos que, até o momento, são oferecidos de forma gratuita. A meta da empresa é instalar 112 pontos até 2026, com um carregador a cada 60 quilômetros de rodovia administrada. Não é intenção do grupo compor receita acessória com os eletropostos. O objetivo é contribuir com a ampliação dos pontos de recarga do País e com a descarbonização das viagens em rodovias, estimulando os usuários a participarem da transição energética. A CCR, que administra 3,6 mil Km de rodovias, quer liderar entre as concessionárias na corrida pela identificação de um modelo econômico para escalonar a implantação dos eletropostos.

Dentro de dois anos, alguém encontrará a fórmula, permitindo a expansão desse negócio de maneira surpreendente. Outras empresas fora da lista de concessionárias, como a Rede Graal, também têm avançado nas instalações. A companhia, que é um dos maiores grupos de autopostos rodoviários do Brasil, iniciou a implantação de eletropostos em 37 de suas 51 unidades. Para isso, foram investidos cerca de R$ 15 milhões. O preço de recarga é de R$ 2,00 pela conectividade e varia de R$ 1,60 e R$ 2,20 pelo quilowatt-hora, a depender do tipo do veículo. O mercado de crédito de carbono é outra possibilidade mais imediata para geração de novas receitas. Em síntese, a partir de um sistema de controle de emissões, as empresas que poluem menos que o teto a ser estabelecido ganham cotas a serem vendidas para aquelas que mais poluem. Em um cenário hipotético, uma empresa que emite 15 mil toneladas de carbono por ano precisaria reduzir suas emissões em 10%.

Para atingir esse objetivo, a empresa pode adquirir créditos de carbono de outras empresas que conseguiram diminuir suas emissões. Dessa forma, há um estímulo tanto para as empresas que compram quanto para aquelas que vendem esses créditos a fim de promover a redução geral das emissões. As definições sobre como funcionará esse mercado estão próximas de serem amparadas por lei, com projeto já aprovado na Câmara dos Deputados e agora em tramitação no Senado. O setor avalia que essa definição pode ditar o ritmo de ações para operações menos poluentes. Para a CCR, a demora em definir os parâmetros da descarbonização cria dificuldades para explicar benefícios aos acionistas. Sem um preço do carbono, que deveria ser usado como taxa de desconto para calcular os investimentos, cada um usa um parâmetro para calcular o custo de oportunidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.