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19/Jul/2024

Fertilizantes: relação de troca desfavorece produtor

Segundo a Stonex, com os preços dos grãos mais baixos e os da ureia e do fósforo, dois dos principais macronutrientes aplicados nas lavouras, mais altos, a relação de troca para produtores já é menos favorável em 2024 e deve piorar nos próximos meses, segundo o diretor da área de fertilizantes. Haverá aumento da demanda a partir de agosto, com o início do plantio da safra de verão (1ª safra 2024/2025) no Brasil e aplicações necessárias no outono nos Estados Unidos e na safra de monções na Índia. No caso da ureia, utilizada nesse período no cultivo de milho safra de safra (1ª safra) no Brasil, os recentes aumentos devem-se principalmente a problemas de fornecimento de gás natural no Egito. Recentes ondas de calor no país fizeram com que parte do fornecimento das plantas fosse desviada para a geração de energia, com foco em refrigeração comercial e residencial.

Com o Brasil fora do mercado, visto que as aquisições para a próxima safra ainda não ganharam força, os preços no País passaram de US$ 300,00 por tonelada para US$ 360,00 por tonelada. A partir de setembro e outubro, quando Estados Unidos, Brasil e Índia vão estar no mercado, os três maiores consumidores mundiais juntos, com exceção da China, que é autossuficiente, esse preço pode subir para até US$ 400,00 por tonelada. Apesar do momento positivo de preço para o café e a cana-de-açúcar, que também utilizam esses insumos, o milho e o algodão desvalorizados podem pesar no bolso do agricultor. Quem vai produzir milho na safra de verão (1ª safra 2024/2025) é melhor comprar os fertilizantes. A relação de troca está ruim, mas vai ficar pior ainda. Para 2ª safra de 2025, vale esperar novas baixas de preço, que sazonalmente ocorrem entre novembro e dezembro.

Diferentemente da ureia, o fósforo já vinha subindo no mercado global, devido a interrupções no fornecimento chinês, como medida para conter a inflação interna. No Brasil, os preços passaram de US$ 570,00 por tonelada em maio, valor que se mantinha desde agosto do ano passado, para US$ 630,00 por tonelada atualmente. Com as aquisições para a safra de soja, a expectativa é de que em setembro esses valores passem para US$ 660,00 a US$ 680,00 por tonelada. Somado a isso, o momento é de preços deprimidos para a soja. O atentado ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump pressionou os preços da oleaginosa na Bolsa de Chicago, que estão em torno de US$ 10,00 por bushel, diante da perspectiva de um novo mandato de Trump no país e tarifas sobre a China. Levando em conta que nesse período do ano a soja estava em cerca de US$ 14 ,00 a US$ 15,00 por bushel, a relação de troca está bem ruim.

A alternativa para os produtores será um mix com o potássio, que tem fundamentos baixistas e sem perspectivas de alta, ainda que esta não seja uma opção viável a longo prazo. Além de Belarus e da entrada de Laos no mercado, no Canadá a mina Jansen deve entrar em operação no segundo semestre do ano que vem e possivelmente estar produzindo 4 milhões de toneladas por ano até o final de 2025. A BHP, responsável pela mina, já aprovou uma expansão da mina depois que ela estiver pronta, para 9 milhões de toneladas por ano. Ela vai se tornar a maior mina mundial. Até 2029, quando deve alcançar sua capacidade total, os investimentos nela somem um total de US$ 15 bilhões. Com isso, a perspectiva é de que o potássio se mantenha nos níveis US$ 310,00 por tonelada, o que faria desse insumo uma espécie de “boia salva-vidas” para o produtor no momento atual de soja desvalorizada e fósforo em alta.

Apesar do momento desfavorável para as relações de troca, as aquisições de insumos estão em um ritmo mais acelerado do que no ano passado, embora não no mesmo ritmo que a média histórica. Segundo levantamento da StoneX de maio, o mais recente realizado pela consultoria, as aquisições para aplicação no segundo semestre de 2024 estavam em 51%, superior aos 44% de maior de 2023, mas inferior aos 60% de maio de 2022. O movimento observado beneficia a logística de distribuição de fertilizantes nos próximos meses. Já os indicadores do primeiro semestre de 2025 apontam negociações ainda lentas, com o índice Brasil de 20%, levemente abaixo da pesquisa de maio de 2023 (22%), e 6% e 8%, respectivamente, abaixo dos índices de maio de 2022 (26%) e de maior de 2021 (28%). Contudo, como há muitos meses pela frente, é muito cedo para considerar que qualquer risco de logística esteja envolvido. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.