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19/Jul/2024

Defensivos: IA ajuda no combate a ervas daninhas

Agricultores vêm perdendo terreno em uma luta que já dura décadas contra ervas daninhas que desenvolveram resistência a muitos dos agroquímicos mais usados. As maiores empresas de agricultura do mundo, como Bayer, Corteva, Basf e Syngenta, afirmam que o tempo está se esgotando para o desenvolvimento novos produtos que mantenham ervas daninhas e outras pragas, como fungos e insetos, sob controle. Algumas ervas daninhas agora conseguem resistir a quatro ou cinco produtos químicos diferentes, afirma a divisão agrícola da Bayer. Agricultores estão misturando produtos para encontrar a fórmula de herbicida mais potente, e os fabricantes de pesticidas querem acelerar o que pode ser um processo de anos para identificar novos herbicidas. A situação é de desespero, pois não há opções que funcionem. A Bayer e seus rivais, como Corteva e Syngenta, dizem que novos sistemas de inteligência artificial (IA) estão ajudando a acelerar o longo, complicado e caro processo de levar novos agroquímicos ao mercado.

Os esforços das companhias incluem não apenas novos herbicidas, mas também novos fungicidas e inseticidas. A Syngenta estima que a IA reduzirá em um terço o tempo médio desde a descoberta até a comercialização (de 15 para 10 anos) e provavelmente diminuirá em 30% o número de testes de laboratório e campo. A Bayer está usando um sistema de IA, internamente chamado "CropKey", para ajudar a combinar a estrutura proteica de uma erva daninha com uma molécula que tenha como alvo essa estrutura, vasculhando dados mais rapidamente do que humanos. As moléculas selecionadas com a ajuda do CropKey podem ter uma taxa de sucesso maior durante os testes de campo do que a pesquisa convencional. Isso dá à empresa uma vantagem e é semelhante à maneira como as empresas farmacêuticas estão usando IA para acelerar a busca por moléculas que tenham como alvo uma determinada doença.

As empresas dizem que uma vantagem das moléculas selecionadas com IA é que elas podem ser avaliadas durante o processo quanto à toxicidade para humanos, um ponto crítico para pesticidas pulverizados em culturas que as pessoas vão consumir, e quanto à segurança ambiental e ao custo. O sistema ajudou a Bayer a desenvolver um novo herbicida, chamado Icafolin, que será lançado no Brasil em 2028. A empresa diz que este será o primeiro novo herbicida em mais de 30 anos. As pesquisas da Bayer que estão em fase inicial abrangem três vezes mais projetos do que há uma década, diz a companhia. A Monsanto, agora de propriedade da Bayer, revolucionou o negócio de erradicação de ervas daninhas nos anos 1990, quando começou a vender sementes de soja geneticamente modificadas para resistir ao glifosato, um herbicida que mata ervas daninhas ao interromper sua produção interna de proteínas. O uso de herbicidas à base de glifosato, incluindo o Roundup, da Monsanto, disparou.

Mas, desde então, as ervas daninhas evoluíram, e a eficácia cada vez menor do glifosato deixou os agricultores mais dependentes de outros herbicidas para combater superervas daninhas, ou plantas resistentes a mais de um tipo de agroquímico. Além disso, o Roundup custou bilhões de dólares à Bayer, já que a companhia foi condenada a pagar indenizações a pessoas que processaram a empresa alegando que o herbicida causa câncer. A Bayer nega as alegações e reitera que o produto é seguro para uso. Sean Elliot, um produtor de milho e soja no condado de Iroquois, Illinois (EUA), notou pela primeira vez ervas daninhas invasoras de caruru em sua fazenda no início dos anos 2000. Naquela época, o herbicida Roundup da Monsanto as controlava com facilidade. Duas décadas depois, o glifosato não consegue parar a erva daninha, e Elliot teme que o caruru esteja desenvolvendo resistência a outro químico que ele usa, o 2,4-D. Ele mistura 2,4-D com um terceiro químico, glufosinato, para manter o caruru sob controle.

Em alguns anos, isso poderá não ser suficiente. É incrível a rapidez com que ela se adapta. Se não for encontrado algo novo para controlá-la, é uma erva tão invasiva que pode gerar grandes perdas de rendimento. O desenvolvimento de pesticidas pode ser mais complicado do que a descoberta de medicamentos, diz a Bayer. Faz décadas desde que um novo herbicida foi introduzido, com as empresas em grande parte focadas em melhorar os principais químicos já no mercado. É preciso ser capaz de matar um tipo de planta sem matar outros tipos de plantas, mas também sem prejudicar peixes, insetos, pássaros. O herbicida precisa se decompor na atmosfera. A chance de acertar sem os métodos computacionais é incrivelmente pequena. A Beyond Pesticides, um grupo com sede em Washington, D.C., que defende o uso reduzido de agroquímicos, alerta que a pulverização de novos químicos em ervas daninhas que estão rapidamente desenvolvendo resistência a múltiplos herbicidas vai apenas exacerbar o problema e criar superervas daninhas ainda mais fortes.

A abordagem das empresas agrícolas tornará herbicidas mais antigos obsoletos, a menos que sejam combinados com novos químicos, tornando os agricultores exclusivamente dependentes de qualquer nova combinação de semente e agroquímico que uma empresa esteja oferecendo. Isso criou uma esteira de pesticidas. A Syngenta, maior vendedora de pesticidas nos Estados Unidos, está usando modelos de aprendizado de máquina para todos os seus projetos de pesquisa para encontrar novos ingredientes ativos. A tecnologia ajuda a empresa a avaliar melhor não apenas o efeito dos novos produtos no meio ambiente, mas também se eles podem ser produzidos a um custo menor. Ela ajuda a abordar todos os desafios que a indústria enfrenta quando se trata de inovação química. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.