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05/Jul/2024

Navegação Marítima: alternativas à descarbonização

O uso de combustíveis menos poluentes deve exercer um papel importante na descarbonização da navegação brasileira, com a necessidade de ir além do biodiesel e etanol. No entanto, com as fontes de energias limpas ainda pouco disponíveis no mercado, o setor tem buscado outras alternativas para minimizar os impactos ambientais. Entre elas, medidas de eficiência energética, sistemas inteligentes de gerenciamento da logística portuária e otimização de rotas. Já existem navios saindo dos estaleiros movidos a metanol, hidrogênio, amônia e gás (GLP). Segundo o Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), um de seus associados, por exemplo, está construindo 12 navios (o primeiro a ser entregue em 2025) exclusivamente movido a metanol.

No entanto, a infraestrutura de abastecimento do Brasil é inexistente para combustíveis alternativos. Com isso, para atender a demanda com as instalações atuais, é preciso utilizar navios menores, o que aumenta o congestionamento, além de ter de usar embarcações menos eficientes energeticamente. O alto custo dos novos tipos de combustíveis também é uma preocupação. A Porto Assessoria afirma que quase todas as empresas de navegação estão nesse movimento de descarbonização. Mas, esse não é um processo rápido, sobretudo se levar em consideração o tamanho da frota global, de 104 mil navios comerciais em operação. As empresas estão em busca de novos combustíveis sustentáveis para substituir os tradicionais, mas também estão procurando adotar medidas que ajudem a melhorar a performance dos navios sem emitir muito.

Há algum tempo, as empresas fazem o controle de esgoto das embarcações para não poluir o mar. Os navios são bem controlados e vigiados. Os programas têm sido constantes. Devido à complexidade das infraestruturas e operações portuárias, a elaboração da estratégia de descarbonização desse setor exige a combinação de diversos tipos de ações para a redução significativa de emissões. De olho nisso, a MSC, por exemplo, passou a utilizar o "robô aspirador subaquático" para limpar os cascos com frequência, o que ajuda a diminuir em até 20% as emissões de CO² de seus navios porta-contêineres. Ao manter os cascos das embarcações limpos, os motores operam em menor carga e economizam combustível.

Com a entrada em operação de novas embarcações, desde 2019, como o M/V MSC Gülsün, a empresa também vem estabelecendo novas referências para o transporte sustentável de contêineres, com baixa pegada de emissão de carbono para mover uma tonelada de carga por milha náutica. Com cerca de 400 metros de comprimento e mais de 60 metros de largura, a embarcação tem capacidade de 23.756 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Isso significa emitir menos CO² por contêiner transportado, ajudando as empresas que movimentam mercadorias a reduzir a pegada de carbono de suas cadeias de suprimentos. Nesse caso, a engenharia projetou um formato de navio para melhorar a eficiência energética, reduzindo a resistência ao vento e resultando em menor consumo de combustível.

A japonesa One recebeu em junho do ano passado o primeiro One Innovation, um navio com capacidade para até 24.136 TEUs. A embarcação ajudará a reduzir as emissões de carbono por meio de um projeto de casco de última geração que visa maximizar a entrada de carga e minimizar o consumo de combustível. O navio é equipado com um para-brisa de proa, um dispositivo de economia de energia e um sistema de limpeza de gases de escape para atender às normas de emissão. Ele também é o primeiro dos seis novos navios Megamax que se juntarão à frota principal da One. Em fevereiro deste ano, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) divulgou que iniciará levantamento periódicos de emissão de carbono do setor aquaviário no Brasil.

O objetivo é subsidiar, com números, a tomada de decisões para que o País possa alcançar os acordos internacionais. Os países membros da Organização Marítima Internacional (IMO) precisam desenvolver e adotar, até o final de 2025, os padrões de combustíveis de baixo carbono e um mecanismo de precificação de emissões marítimas, espécie de mercado de carbono, em que aqueles que emitem mais que o permitido são multados. Esse mecanismo servirá para compor um fundo de financiamento de alternativas renováveis para abastecer os navios. A intenção é reduzir a diferença significativa de custos entre os combustíveis zero carbono e os fósseis, recompensando financeiramente (feebates) as embarcações pelas emissões evitadas pelo uso de metanol ou amônia verdes, por exemplo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.