25/Jun/2024
De acordo com as conclusões de um novo estudo do Centro de Navegação Transatlântico (Centronave), a infraestrutura dos portos brasileiros tem avançado de forma lenta e continua impondo limitações às operações das empresas de navegação. O Brasil recuperou cerca de 3 anos de atraso nos últimos 12 meses, mas segue 12 anos defasado (estimativa feita considerando a capacidade de receber navios modernos de grande porte). O avanço foi possível em razão do início das operações do navio de 366 metros de comprimento (14.432 TEUs - medida para 20 pés de comprimento de contêiner), da MSC. Porém, com movimentações limitadas. O principal obstáculo segue sendo a profundidade dos canais de acesso dos portos do País, que demandam obras de dragagem mais céleres, o que tem sido cobrado pelas empresas de navegação ao longo dos últimos anos. Como um novo problema a ser enfrentado, o estudo chama a atenção para o aumento do tempo de espera até o início de carregamentos em razão do limite de espaços nos berços de atracação.
Com aumento da demanda e a mesma capacidade de atracação, as empresas estão tendo de esperar cada vez mais. Em 2019, os navios dos associados do Centronave tinham de esperar em média 9 horas. No ano passado, subiu para 20 horas. O tempo maior de espera resulta em uma perda da ordem de R$ 60 milhões por ano. A indústria de exportação de café, por exemplo, já tem tido dificuldade de chegar aos terminais. Há contêiner de café esperando fora do berço de atracação em cima de caminhão. A lentidão no aprofundamento dos leitos dos canais de atracação também implica em perdas financeiras. Os problemas resultam em custos maiores e perda de competitividade. Sem poder adquirir navios maiores, as empresas perdem em ganho de escala. O governo federal lançou na semana passada o Navegue Simples, programa de incentivo que busca recuperar e ampliar os investimentos no setor portuário, com planos de investimentos e medidas de desburocratização. No conjunto de ações apresentadas, estão previstos investimentos da ordem de R$ 5,4 bilhões em autorizações e arrendamentos portuários.
Uma das demandas do setor, que foi apresentada pela Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) no ano passado, é transformar os contratos de arrendamento em contratos de exploração, com natureza privada. A partir daí, será possível realizar investimentos de acordo com as demandas. A ABTP considera que essa medida resultaria em maior celeridade para a execução de obras que hoje só podem ser feitas pelo poder público. Apesar do lançamento do Navegue Simples, o Centronave avalia que, a partir do que já é conhecido, ainda falta clareza sobre a condução de políticas para o setor. Não fica claro, por exemplo, qual é a visão dos programas de dragagem e manutenção. Para atender ao crescimento do mercado, as empresas precisam substituir a frota por navios maiores ou adicionar navios às suas frotas, mas isso não tem sido possível, seja pela pouca profundidade dos canais, seja pela falta de espaço nos berços de atracação. A solução, sugere o estudo, passa pela retomada de leilões de terminais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.