17/Jun/2024
A entrada do gás natural da Rota 3 até o fim de 2024, que deve baixar o preço do gás natural, e o momento de preços globais mais atrativos da ureia são fatores que justificam o retorno da operação da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados, a Ansa, no Paraná, já em 2025. Entrar em operação no ano que vem é, portanto, fundamental para a rentabilidade de operação. A Petrobras obteve aprovação para "desibernação" da planta no dia 6 de junho, processo que contaria a princípio com contratação da mão de obra, equipamentos e até 261 ex-funcionários considerados essenciais à retomada da operação. O número de readmitidos em um primeiro momento será menor, em função de aposentadorias e recolocações. Quando a Ansa fechou as portas, em 2020, cerca de 400 pessoas foram demitidas.
Segundo acordo coletivo homologado no dia 12 de junho pela Justiça do Trabalho, a Petrobras tem até 5 de julho para recontratar o quadro. Com isso, a planta pode voltar a operar no segundo semestre de 2025, conforme planejamento interno da Petrobras. Isso é muito importante porque há uma janela de oportunidade. Quanto mais cedo essa planta voltar a operar, maior é a atratividade econômica. A etapa de momento é a licitação do serviço de manutenção e avaliação para restauração do ativo. A planta em questão utiliza rasf (resíduo asfáltico, proveniente do processamento de combustíveis) produzido na Refinaria do Paraná (Repar) para a produção de nitrogenados e produz o aditivo para caminhões Arla 32, cuja demanda aumentou desde a hibernação em função do aumento do número de motores a diesel S-10.
Esse tipo de produção, para além das tradicionais ureia e amônia, torna a planta mais atrativa do ponto de vista econômico, o que também se deve à localização, próximas aos mercados das Regiões Sudeste e Sul. A Petrobras também estuda alternativas para o retorno das operações da Fábrica de Fertilizantes do Nordeste (Fafen) em Camaçari, na Bahia, e a Fafen Sergipe, ambas em hibernação e arrendadas pela Unigel. Uma outra possibilidade ao contrato de tolling, no qual a Petrobras cederia o gás natural e a Unigel entregaria o fertilizante finalizado para que a estatal fizesse a comercialização, seria a devolução das plantas. A opção do tolling não avança devido a uma dívida da Unigel com a Petrobras. A empresa já pagou R$ 54 milhões em débitos à estatal relacionados ao consumo de gás da estatal às duas Fafens, mas ainda faltaria um montante residual. O contrato de tolling só poderia entrar em vigor com o débito sanado.
O retorno das quatro plantas supriria em 35% a necessidade do mercado nacional por ureia, sendo 8% da Ansa, 12% das Fafens e 15% correspondentes à produção da UFN III, que está em construção e pode entrar em operação já em 2027. A prioridade no momento é a ureia, mas os planos para o futuro também incluem uma diversificação dos produtos, como aumento da produção do Arla 32 e a ureia premium misturada em água. Com as Fafens hibernadas nos últimos meses, a produção de nitrogênio nacional está totalmente paralisada, o que torna a dependência externa dos químicos de 100%. Reduzir essa dependência via Petrobras é uma das diretrizes do governo federal para a direção da companhia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.