10/Jun/2024
A Irani, única empresa listada na Bolsa com os negócios integralmente voltados para o mercado de embalagens, prepara o anúncio do maior ciclo de investimento da sua história para o aumento de capacidade de produção de papelão ondulado. O novo projeto, batizado de Plataforma Neos, deve permitir à empresa sair da sétima colocação de expedição de papelão ondulado e retornar ao patamar das três maiores do Brasil. A líder é a Klabin, seguida por Westrock/Smurfit Kappa, que estão em processo de fusão, o que deve colocá-las em primeiro lugar no mercado global. O mais recente ciclo de investimentos da empresa foi voltado para a redução de custos e ganho de competitividade, denominado de Plataforma Gaia, que está dividido em dois ciclos e compreendem o intervalo de 2020 até 2026, dos quais os projetos mais robustos em termos de recursos financeiros já foram entregues. Somados os dois programas, o total estimado para desembolso é de R$ 1,17 bilhão.
A Plataforma Neos deve representar um ciclo de investimentos maior do que o reservado para a Plataforma Gaia. No momento, a Irani está em fase de estudos e não tem uma cifra definida, mas a perspectiva é que o programa seja direcionado para a expansão de capacidade de produção em papelão ondulado e aumento do suprimento de papel, com foco em atender ao mercado de embalagens, além de algum nível de investimentos na divisão de celulose. Não está descartada a possibilidade de instalação de uma nova fábrica do zero, o que representaria a terceira planta de embalagens da empresa. Hoje, a companhia já detém uma fábrica integrada na cidade de Vargem Bonita (SC), com capacidade de produção de 90 mil toneladas de papelão ao ano, e outra unidade em Indaiatuba (SP), que pode expedir anualmente 78 mil toneladas. O suprimento para as duas fábricas de papelão é feito principalmente pela unidade integrada em Vargem Bonita.
A planta tem capacidade de ofertar anualmente 245 mil toneladas de papel para embalagens, das quais uma parte é transformada em papelão na própria região e a outra é enviada para São Paulo, onde ocorre o mesmo processo de conversão. Considerando a possibilidade de expansão na produção de papelão ondulado, haverá necessidade de expansão do suprimento de papel no futuro. A possibilidade é que essa adição de capacidade aconteça na unidade integrada em Santa Catarina, mas o processo ainda está em fase de estudo e outra localidade não é descartada. Na mesma fábrica, a Irani já anunciou uma atualização tecnológica para a sua quinta máquina de papel, que deverá expandir a produção em 8,4 mil toneladas ao ano em um projeto orçado no valor de R$ 89,7 milhões. A empresa está na fase de estudos com foco em avaliar o tamanho dos próximos investimentos e a forma como serão realizados. Neste momento, a Irani está na fase de discussão do planejamento estratégico para os próximos 10 anos.
Neste debate será delimitado qual será o caminho para a empresa adquirir maior relevância no setor, mas a expectativa é realmente focar a partir de agora em crescimento. De acordo com dados mais recentes da ICCA (International Corrugated Case Association), o Brasil é o sexto maior produtor de papelão ondulado do mundo e a perspectiva é que o mercado continue crescendo em ritmo acelerado. Historicamente vinculado à métrica do Produto Interno Bruto (PIB), o crescimento do setor de papelão começou a avançar em ritmo mais intenso que o indicador macroeconômico, impulsionado por tendências de maior consumo no e-commerce e o posicionamento de sustentabilidade, ganhando espaço em segmentos que costumavam consumir outros tipos de embalagens. A Empapel (Associação Brasileira de Embalagens em Papel) recentemente revisou para cima a projeção de crescimento anual, de crescimento de 1% para 2,8%, o que significa que o nível de expedições do mercado brasileiro poderá saltar de 4 milhões de toneladas registradas em 2023 para 4,13 milhão de toneladas até o final de 2024.
No último ano, a Irani alcançou um volume de expedição de 164,9 mil toneladas de papelão, o que significa que a empresa conseguiu cerca de 4% de participação de mercado. Sobre o tamanho da expansão que a Irani pode ter no futuro, uma boa referência para se pensar em quanto custa uma nova fábrica competitiva de papelão é o projeto Figueira, da Klabin, onde a concorrente investiu R$ 1,6 bilhão para uma unidade com capacidade de 240 mil toneladas ao ano em papelão ondulado em Piracicaba (SP). A concorrente e líder de mercado Klabin, em 2023, expediu 863 mil toneladas de papelão, alcançando em torno de 21,5% de participação do mercado. A empresa prevê elevar o índice para 24% neste ano com a nova fábrica. O Brasil está em uma fase de competitividade em nível mundial quando se fala de conversão de papel para papelão ondulado. Na última teleconferência realizada pela Irani para repercutir os resultados da empresa no primeiro trimestre de 2024, a previsão era de compartilhar mais informações e anunciar os investimentos iniciais da Plataforma Neos até o final de 2024. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.