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06/Jun/2024

Hidrogênio Verde: tecnologia usa casca de camarão

Uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga da Universidade Federal do Ceará (UFC) pode baratear a extração de hidrogênio no Brasil e tornar o processo “ainda mais verde”. Em vez das membranas sintéticas convencionalmente usadas para extrair o hidrogênio, o grupo criou uma alternativa a partir da casca de camarão. O estudo desenvolveu a membrana para eletrolisadores do tipo PEM. A tecnologia é central para separação da molécula da água para obter o hidrogênio e oxigênio, num processo chamado de eletrólise. A descoberta é resultado da tese produzida por um estudante de doutorado, Santino Loruan. A casca do camarão triturada passa por processos até a obtenção da quitosana que formará a membrana, que atua como trocadora de prótons.

Essa membrana é o ‘coração’ do eletrolisador, tecnologia que poucos países produzem e que coloca o Brasil passos à frente na corrida pela produção de hidrogênio verde. A principal membrana utilizada atualmente é a de nafion, que tem custo elevado de produção e precisa ser importada. Uma membrana de nafion de 10 cm² custa por volta de US$ 100,00. E o Brasil não pode produzir, porque há patente. O valor é decidido por eles e a demanda é alta. As membranas de quitosana devem reduzir drasticamente esse custo, porque há matéria-prima abundante no litoral brasileiro. Contudo, o grupo de pesquisadores ainda não consegue quantificar qual será a redução final do custo.

As apresentações foram feitas durante a Conferência Internacional de Tecnologias das Energias Renováveis (Citer), que está sendo realizada em Teresina, no Piauí. A outra vantagem é a ambiental, que se daria de duas formas. É uma solução para eliminação de resíduos que existem na costa brasileira e incomodam quem trabalha e vive nessas áreas. A outra é de a membrana de quitosana ser biodegradável. Se falando de produção ambientalmente correta, o ideal não é o uso de uma membrana sintética. Também por isso, a membrana de quitosana é uma solução excelente. Essa não é a única frente de pesquisa que busca tecnologias alternativas à membrana de nafion.

No ano passado, pesquisadores da Coreia do Sul anunciaram que alcançaram uma membrana que, segundo eles, poderá ser três mil vezes mais barata que a de nafion, mas ainda não há detalhamento público. Para a produção da membrana brasileira com casca de camarão, falta o financiamento necessário para a replicação em escala de indústria. Isso vai envolver um projeto que pode ser desenvolvido tanto por uma empresa como por algum financiamento. Há patente, mas em algum momento ela perde a validade. Então, o momento é de a indústria brasileira se apropriar dessa tecnologia nacional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.