04/Jun/2024
Por anos, o Grupo Syngenta foi considerado um parceiro fundamental para milhares de agricultores dos Estados Unidos. Contudo, seu novo CEO, Jeff Rowe, assumiu a liderança em janeiro com a missão de evitar a percepção de que a empresa agrícola, que tem sede na Suíça e é uma subsidiária da China National Chemical, a ChemChina, representa uma ameaça à segurança nacional. Desde a aquisição por US$ 43 bilhões pela ChemChina em 2017, a Syngenta enfrenta obstáculos crescentes nos Estados Unidos. A companhia tem cerca de 1,5 mil acres de terras agrícolas nos Estados Unidos para pesquisa, desenvolvimento e testes regulatórios. Porém, vários Estados estão reforçando as restrições à propriedade de terras agrícolas por empresas estrangeiras. Alguns legisladores estaduais e federais afirmam querer garantir que o governo chinês não use terras agrícolas para facilitar espionagem ou exercer influência sobre a oferta de alimentos em um conflito.
O equilíbrio geopolítico da Syngenta também ocorre em um momento em que as empresas agrícolas enfrentam uma retração nos gastos dos agricultores, à medida que os preços dos grãos caem e os preços dos produtos químicos agrícolas deflacionam. A renda dos agricultores deve cair quase 30% em 2024, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Syngenta trabalha para cortar custos em suas operações de escritório e na cadeia de suprimentos. Os planos de buscar uma Oferta Pública Inicial (IPO) na China ou em bolsas da Europa permanecem guardados, enquanto uma listagem na Bolsa de Nova York parece menos provável. As tensões entre Estados Unidos e China têm aumentado desde que os reguladores aprovaram a compra da Syngenta. As administrações Donald Trump e Joe Biden têm disputa com a China sobre tarifas de aço e alumínio, controles de exportação de semicondutores e a propriedade das operações do Tik Tok nos Estados Unidos. Neste cenário, preocupações sobre a China se estenderam à região agrícola.
A propriedade de empresas chinesas precisa de uma revisão cuidadosa porque se pode ter acesso a informações sobre sementes, tecnologia, e assim por diante, que poderiam ser significativamente comprometedoras se usadas da maneira errada, afirmou o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack. No mesmo sentido, a Smithfield Foods enfrentou críticas sobre suas operações e propriedades de terras desde sua compra pelo Grupo WH da China. Líderes da Smithfield, a maior produtora de carne suína do país, também refutaram as críticas e disseram que a propriedade ajudou a empresa a crescer. Rowe disse que seu papel como CEO exige uma compreensão tanto dos Estados Unidos quanto da China e uma capacidade de fazer a ponte entre os dois países. A Syngenta não é uma organização política e as ações dos legisladores são potencialmente prejudiciais para os agricultores norte-americanos e para o mercado agrícola. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.