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21/May/2024

Fertilizantes: Petrobras priorizará elevação da oferta

Enquanto aguarda aprovação como conselheira e presidente da Petrobras, Magda Chambriard já tomou pé dos principais pedidos do governo federal. Nessa linha, os primeiros pontos de ataque da nova gestão devem ser a questão da oferta de gás e a retomada das fábricas de fertilizantes. A primeira entrega será a aceleração do projeto Rota 3, para entrega no início do segundo semestre, possivelmente em julho. A operação, que traz gás natural do pré-sal da Bacia de Santos para o continente, no polo Gaslub (RJ), já tinha previsão de entrega para agosto deste ano e estaria dentro do prazo. O Rota 3 vai escoar 18 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia (m³/dia), dos quais cerca de 15 milhões de m³/dia secos (que não contém petróleo bruto ou condensado). Com o projeto quase pronto, a leitura dentro da estatal é que uma antecipação da entrega seria apenas simbólica, espécie de cartão de visitas de Magda para aplacar a grita de Brasília pela entrega de grandes projetos pela estatal.

Outra medida para o curtíssimo prazo seria a reativação da fábrica de fertilizantes do Paraná, além das unidades da Bahia e Sergipe, hoje com a Unigel, e a conclusão da planta de Mato Grosso do Sul. Seriam esses os compromissos mais imediatos da executiva com os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa. Nos contatos iniciais, ambos estariam satisfeitos com a discrição e capacidade técnica demonstradas por Magda ante as "heterodoxias" de Prates, cujo conhecimento dividia a lista de atributos com cacoetes políticos. Em toda a gestão Prates, Silveira foi vocal sobre a vontade do governo de reduzir os volumes injetados da commodity em campos de petróleo (a fim de aumentar sua produtividade), e transferir a molécula para oferta à indústria. A essa posição, Prates reagia dizendo ser impossível devido à falta de infraestrutura de transporte imediata. Caberá à Magda encontrar soluções para ofertar maiores volumes de gás ao território e baratear seu preço à indústria brasileira.

Segundo as fontes, ela teria se comprometido a estudar alternativas e intensificar investimentos com essa finalidade. Opção que se apresenta é investir para antecipar ao máximo a produção de gás nas águas profundas da Bacia de Sergipe e Alagoas, a mais de 100 quilômetros da costa. Isso requer construir um gasoduto submarino novo para internalizar mais 18 milhões de m³/dia. Por ora, a Petrobras projeta o início dessa produção somente em 2028. Solução mais rápida seria correr para reverter o declínio da entrega de gás boliviano para o Brasil, no que o produto argentino surge como alternativa à importação. Prates havia iniciado sondagens ao país vizinho que podem se intensificar nos próximos meses. Para além dos pedidos mais emergenciais relacionados a gás e fertilizantes, fontes do governo também citam como expectativas para a futura gestão da Petrobras a continuidade na expansão da capacidade de refino do País e a retirada de projetos de energia renovável do papel.

A busca por autossuficiência em derivados ou ao menos redução da dependência de importações, sobretudo no diesel, é uma bandeira antiga de Magda Chambriard, desde os tempos de diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Trata-se, portanto, de um ponto de convergência natural entre Magda e o presidente Lula. Em 2016, último ano de Magda na ANP, ela chegou a fazer um levantamento sobre o descolamento entre a oferta local e demanda do combustível que teria lugar nos anos seguintes. De fato, desde então, as importações de diesel saltaram de 15% para algo em torno de 25% ou pontualmente mais. Para reduzir esses valores, a ideia é seguir aumentando a produção de derivados da Petrobras a partir de melhoramentos no parque atual; da conclusão do projeto de expansão da Rnest, em Pernambuco; e da reincorporação parcial da refinaria de Mataripe, na Bahia, mais uma vez antecipando prazos.

Com relação à Mataripe, o ex-presidente da estatal, Jean Paul Prates já havia prometido fechar o formato do negócio com a atual empresa proprietária, a Acelen, controlada pelo fundo Mubadala, na virada do primeiro para o segundo semestre deste ano. Para assumir ou acelerar as tratativas mantendo o prazo, Magda terá de se ocupar do assunto assim que se sentar na cadeira. Segundo interlocutores, na reunião de pouco mais de duas horas de Chambriard com Silveira, no dia 15 de maio, não se falou na construção de novas refinarias, entre outras razões, porque não há diretrizes para tanto no Plano Estratégico. A ideia é seguir o que está no plano e imprimir velocidade sem ficar na mão do mercado. Com relação aos projetos de geração de energias renováveis, teria sido consensuada a manutenção da prospecção de projetos de eólica onshore primeiro e, para o longo prazo, eólica offshore, mas, nesse caso, inteiramente greenfield (novos).

Ainda assim, para parte da alta administração da empresa, é mais provável que esses projetos, principalmente no mar, percam tração por não fazerem parte do universo de trabalho original de Magda. Para renováveis em terra, a empresa deve continuar a avaliar projetos em operação com boa capacidade de expansão. Dentro do governo, a versão "oficial" para a troca de Prates por Chambriard é justamente a aceleração de grandes obras e investimentos, além do reforço às encomendas para a indústria naval. Na avaliação de parte do governo, a gestão de Prates era conservadora em projetos que contrariavam a vontade de acionistas privados. Interlocutores do ex-presidente da empresa argumentavam que os ritos de governança da companhia, erigidos após 2016 e, portanto, novidades em governos Lula, impediam entregas mais velozes. Magda Chambriard chega após um fogo cruzado muitas vezes público, com a demanda expressa de acelerar as entregas, mas, ao que tudo indica, as mesmas amarras internas de Prates. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.