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14/May/2024

Entrevista com Igor Marinelli - CEO startup Tractian

O Brasil ainda tem muitos aspectos para melhorar antes de prosperar no mercado de inteligência artificial (IA), mas o celeiro de talentos é grande no País, afirma Igor Marinelli, CEO da startup Tractian. A empresa apareceu em abril em um ranking da revista Forbes, que listou as 50 startups de IA mais importantes de 2024. A startup, que nasceu em 2019 pelas mãos de Marinelli e de Gabriel Lameirinhas, é especializada em sensores de IA para indústrias e linhas de produção de fábricas. A companhia usa esses equipamentos para monitorar e antecipar possíveis falhas elétricas e mecânicas em maquinário industrial antes que parem de funcionar. A solução rendeu para a empresa o título de primeira startup de manufatura a ser incluída na lista da Forbes. “Eu acho que estamos muito próximos do primeiro unicórnio industrial de manufatura”, afirmou Marinelli. Apesar de ter sede em Atlanta, nos Estados Unidos, a empresa tem a alma brasileira dos fundadores e serve o País com um escritório em São Paulo, além da operação norte-americana e no México. Segue a entrevista:

O que significa para a Tractian estar na lista da “Forbes” das 50 startups de IA mais importantes do mundo em 2024?

Igor Marinelli: A coisa mais fantástica dessa lista é que ela foi a primeira edição, em cinco anos, que incluiu a categoria industrial. O orgulho maior é que a categoria industrial de manufaturas finalmente foi inaugurada. Das 50 listadas, três eram industriais e, destas, só nós somos manufatura, as outras são de robótica. Então, é legal para a gente estar pavimentando (esse caminho), para que futuras soluções também tomem esse cenário. Eu acho que estamos muito próximos do primeiro unicórnio industrial de manufatura.

Como a Tractian incluiu a IA em suas soluções?

Igor Marinelli: A gente nasceu com a tese de ser um copiloto industrial, mas (isso foi) em uma época infértil de tecnologias que pudéssemos utilizar. Então, a gente quebrou muito a cabeça para conseguir executar esse sonho, mas a tese nunca foi fazer o serviço (braçal) pelo cliente, mas fazer com que a tecnologia fizesse esse serviço para ele.

Foi fácil trazer a IA para dentro dos produtos?

Igor Marinelli: Achamos incrível quando o ChatGPT e as ferramentas de IA se popularizaram, porque estávamos bem-posicionados em termos de dados. Tínhamos todos os dados de funcionamento de máquinas e milhões de manuais de fabricantes que estavam prontos para ser processados. Faltava o modelo (de IA).

O que a IA ainda pode acrescentar à indústria?

Igor Marinelli: A gente tem mais dados de como os motores operam do que o próprio fabricante que construiu o motor. Eu sei quais são as peças de desgaste, quais são os componentes, sei a expectativa de quando a quebra vai acontecer. O fabricante não faz a menor ideia, porque só testou o produto dele em laboratório antes de entregar para o cliente. Então, pensa no poder disso e o que a gente pode fazer no futuro com isso.

O Brasil tem capacidade de ter outras empresas em uma lista importante como a da “Forbes”?

Igor Marinelli: O Brasil é um excelente formador em engenharias, um excelente formador em pesquisa e em desenvolvimento. A gente não perde em nada para os americanos nesse sentido. Não temos uma limitação de talentos, temos uma limitação de mercado.

O que falta para o Brasil alcançar um patamar maior de desenvolvimento de IA nas empresas?

Igor Marinelli: Nos Estados Unidos, você tem todas as empresas afunilando dinheiro para as universidades, para que elas construam melhores talentos, gerando desenvolvimento para que esses talentos voltem para as empresas. O que estamos tentando fazer no Brasil é a mesma coisa, e eu não estou vendo muitos exemplos bem-sucedidos disso. As pessoas falam que tem de ser por meio do governo, isso e aquilo. Mas onde está a responsabilidade corporativa em formar os melhores talentos, em casar universidade com o mercado de trabalho o quanto antes, para que eles possam ter essas experiências do mundo real? Acho que esse link é muito bem feito nos Estados Unidos e é insipiente, embrionário aqui (no Brasil). Às vezes, a pessoa passa cinco, seis anos estudando e acha que não tem mercado porque nenhuma empresa bateu na porta da universidade para falar sobre os desafios que eles têm dentro da empresa.

Fonte: Broadcast Agro.