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29/Apr/2024

Agrishow: setores de máquinas e insumos otimistas

Considerada a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, a Agrishow começou no domingo (28/04), em Ribeirão Preto (SP), com um público restrito: apenas autoridades e expositores estarão na abertura. Depois do mal-estar na edição passada, em que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, se sentiu "desconvidado" e não apareceu e o ex-presidente da República Jair Bolsonaro foi aclamado pelo público, os organizadores decidiram inovar, antecipando a inauguração para o domingo, com abertura dos portões para os visitantes apenas nesta segunda-feira (29/04). A feira vai até o dia 3 de maio e deve reunir um público de mais de 195 mil pessoas. Deixando de lado as questões políticas, o evento é o maior do agro em termos de negócios. Na edição de 2024, a organização prevê ao menos repetir os resultados do ano passado, quando o faturamento foi de R$ 13,3 bilhões.

A cautela se deve à quebra de produção da safra de grãos em 2023/2024 e aos preços mais baixos de soja e milho. Mas, a avaliação é a de que, ainda que menos capitalizados, os produtores brasileiros tendem a manter os investimentos, até mesmo para fazer frente a ciclos de rentabilidade mais baixa, como o atual. O aumento de expositores é um sinal dessa aposta: nesta edição mais 100 expositores se juntarão aos 700 da feira anterior. Entre os novos participantes estará, por exemplo, a Addiante, joint venture da Gerdau e RandonCorp, de locação de máquinas pesadas, que busca fortalecer a presença da marca no setor agropecuário, que hoje representa 30% dos seus negócios. Também estreante, a fabricante de robôs Yaskawa Motoman aposta na demanda do campo por robotização, e apresentará ao setor seu serviço de automatização de solda para fabricantes de máquinas e implementos agrícolas.

O plano da empresa japonesa é crescer sua fatia de faturamento no setor, hoje em 10%, para 30% do total nos próximos cinco anos. Tradicionalmente uma feira de tecnologia agrícola, de equipamentos e máquinas, a Agrishow 2024 também deve reverberar notícias recentes, como a aprovação pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex), da proposta de criação de cotas de importação para determinados itens da siderurgia. A importação desses produtos específicos dentro da cota não altera as alíquotas em vigor. Fora da cota, a taxa de importação vai a 25%, por prazo determinado. Entidades do setor agropecuário acreditam que tal decisão pode encarecer máquinas e silos agrícolas, pressionando ainda mais as vendas em um ano que já tem expectativa de recuo de 15% na comercialização de tais equipamentos, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

No mesmo dia da aprovação da proposta sobre cotas, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) foi taxativa: aumento de imposto de importação às vésperas da Agrishow prejudica as vendas do setor. Mas, as empresas do setor mostram otimismo. A Kepler Weber, empresa líder em armazenagem de grãos no Brasil, previu vendas aquecidas na Agrishow, pois o produtor sabe que a eficiência dele depende de unidades de beneficiamento e armazenagem de grãos. Entre as fabricantes de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, a John Deere, uma das líderes no setor, admite um recuo nas vendas, mas pouco significativo. A New Holland segue apostando na modalidade de consórcios para a feira, que durante 2023 movimentou R$ 1,3 bilhão, enquanto a Massey Ferguson crê que culturas como cana-de-açúcar, café e hortifrútis devam recompensar o menor apetite de produtores de grãos.

No setor de insumos, a Syngenta, de proteção de cultivos, chega à feira com uma novidade: tecnologia de Inteligência Artificial (IA). A Bayer também aposta em lançamentos de tecnologias que incluem uma IA feita em parceria com a Microsoft, com foco em aumentar a produtividade do agricultor em um ano atípico. A Corteva está investindo em inovações em sementes, proteção de cultivos e biológicos, enquanto a Yara terá seu foco em nutrição de plantas. Para atender ao setor interessado em investir, os grandes bancos sinalizam que não faltará crédito. Entre as cooperativas de crédito, a Credicitrus tem expectativa de movimentar R$ 400 milhões em volume de negócios, 15% a mais do que em 2023. O Santander aposta, para a Agrishow, em taxas de administração de consórcio a partir de 12,9% e na possibilidade de oferecimento de crédito com taxas pós-fixadas para agricultores que não podem esperar o novo Plano Safra, que deve ser lançado até junho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.