28/Mar/2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na terça-feira (26/03), que há poucas terras indígenas demarcadas no Brasil, em reação à crítica de setores do agronegócio brasileiro, aos quais chamou de “conservadores e latifundiários”. Ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, Lula cobrou que países mais industrializados que já desmataram ajudem financeiramente os demais na preservação de florestas tropicais. O presidente Lula tem ampliado a cobrança de que os países ricos doem US$ 100 bilhões por ano para ações climáticas, previsto no Acordo de Pais, mas nunca concretizado. Lula reiterou o compromisso assumido pelo Estado brasileiro de zerar o desmate na Amazônia até 2030 e disse que fará da “luta contra desmatamento uma profissão de fé”. O presidente francês anunciou que ambos vão investir US$ 1 bilhão cada em iniciativas para promoção da biodiversidade, desenvolvimento econômico dos indígenas e atividades que favoreçam a preservação florestal.
Macron chamou o compromisso em favor da bioeconomia de “Apelo de Belém”. Segundo Macron, o projeto conjunto com o Brasil tem como objetivo aproximar os territórios dos dois lados do Oiapoque (referindo-se à Guiana Francesa), que visitou na véspera, e lutar contra o garimpo e interesses financeiros de curto prazo que ameaçam a floresta. O presidente francês disse que os dois países podem formar o maior parque florestal do mundo e prometeu estimular o intercâmbio de pesquisa entre antropólogos e cientistas. Serão investidos US$ 1 bilhão cada país para biodiversidade e atividades econômicas compatíveis com interesses dos povos indígenas, que permitam ter perspectiva de desenvolvimento e preservar a floresta, afirmou o francês, na Ilha do Combu, rodeado de lideranças dos povos indígenas brasileiros, após condecorar o cacique Raoni Metuktire. Macron havia prometido no ano passado destinar 500 milhões de euros à preservação florestal no Brasil. Ele não detalhou se os recursos se sobrepõem ou são novos. O francês não anunciou a adesão da França ao Fundo Amazônia.
O presidente Lula afirmou que seu governo continuará fazendo demarcações de terras indígenas. “Os conservadores brasileiros, os latifundiários brasileiros, aqueles que são contra a participação do povo, costumam dizer o seguinte: 'o povo indígena já tem muita terra no Brasil'”, disse o presidente brasileiro. “O que eles não percebem é que os indígenas têm 14% de terras demarcadas hoje. Quando os portugueses chegaram aqui, em 1500, era tudo deles. O fato de eles terem 14% legalizado é pouco diante do que eles precisam ter para viver, manter sua cultura”, declarou Lula. “Nosso governo já é o governo que mais demarcou terra indígena e vai continuar demarcando terra indígena e vai continuar demarcado parques e reservas florestais para que a gente evite o desmate”, afirmou o presidente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.