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07/Mar/2024

Fertilizantes: comercialização tem atraso inédito

A comercialização de fertilizantes no Brasil nunca esteve tão atrasada, segundo empresas do segmento. As vendas mais lentas refletem um produtor receoso em decorrência de quebras de safras e problemas climáticos. Até o fim do primeiro bimestre do ano, o mercado brasileiro havia comprado apenas 20% do volume de fertilizantes esperado para 2024, metade do percentual comercializado em anos anteriores nessa época, quando estava perto de 40%, de acordo com a Yara, multinacional norueguesa que lidera o mercado de nitrogenados no País. segundo a Yara Brasil, isso está gerando um estresse muito alto na cadeia logística, e a previsão é de vários gargalos daqui para frente. A Yara informa que nunca ter visto vimos uma realidade de compra tão atrasada em relação ao avanço do ano, então pode trazer problemas logísticos. A multinacional não informou números específicos sobre a expectativa de vendas de fertilizantes para 2024, mas disse que o ritmo mais devagar é uma realidade do mercado em geral.

Esse atraso pode gerar problema de distribuição e logística no País nos próximos meses, pois quando as vendas fluírem, os pedidos nas revendas podem se acumular e o adubo pode não ser entregue na época certa para o plantio da safra 2024/2025. Um levantamento da consultoria StoneX indica que o volume de vendas de fertilizantes para entrega no primeiro semestre do ano chegou a 51% até fevereiro. Um ano antes, esse percentual de comercialização era de 62%, e até fevereiro de 2022, de 60%. Para as entregas previstas no segundo semestre, quando começa o calendário agrícola da safra 2024/2025, também há uma menor taxa de comercialização, em torno de 20%. Em comparação com os últimos dois anos, o índice era de 30% nesse período. Segundo a ICL, que produz minerais e fertilizantes especiais, a expectativa é que o cenário se reverta nos próximos meses, dadas as condições favoráveis de relação de troca (indicador que mede a capacidade de compra) entre os fertilizantes e os grãos.

A retomada do mercado é fundamental para evitar transtornos logísticos e a consequente dificuldade de acesso às tecnologias por parte do produtor. O produtor está focado agora no fechamento da safra e avaliando as condições de comercialização da soja. A Yara concorda que os produtores rurais têm esperado até o último momento para tomar a decisão de compra. Em 2023, o atraso nas aquisições se deu pela expectativa de preços mais baixos. Mesmo assim, a cadeia conseguiu se organizar e atender à demanda. Mas, este é um ano diferente. As tendências não são as mesmas, muitos produtos já estão no piso de preço e alguns já recuperando posição. Quanto mais para a frente o agricultor esperar, mais problema do ponto de vista logístico poderá enfrentar na safra. As dúvidas geradas pelos atrasos nas compras ainda não abalaram o cenário de estabilidade projetado para 2024.

Os níveis de rentabilidade do setor agrícola e das indústrias de fertilizantes voltaram aos patamares pré-pandemia após anos de altos e baixos históricos no mercado em 2022 e 2023, respectivamente. Segundo a Yara, nessa transição, houve muito sofrimento, muita queda de preço. Foram quase 12 meses em que os preços dos fertilizantes estiveram em queda. Foi muito desafiador para as empresas do setor. Mas, este ano é de estabilidade. No entanto, o cenário de dificuldades financeiras no campo, com a disparada nos pedidos de recuperação judicial por empresas do agro e produtores, preocupa o mercado. O agricultor é quem paga as contas de todas as empresas. Se o agricultor está sofrendo, é algo que preocupa e que a Yara quer trabalhar para, através da geração de mais produtividade para o agricultor, mais qualidade e mais rentabilidade, contribuir para que esse cenário seja revertido da maneira mais rápida possível. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.