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27/Feb/2024

Logística: roubo de cargas eleva custos de empresas

Quase duas cargas foram roubadas por hora nas estradas brasileiras em 2023, somando mais de 17 mil ocorrências. Segundo o estudo “Brasil: Relatório Anual de Roubo de Cargas”, da consultoria Overhaul, houve um aumento de 4,8% nas ocorrências no ano passado ante a 2022. O Brasil ocupa hoje a segunda colocação no ranking global de cargas roubadas, atrás do México e à frente de África do Sul. Os custos com a segurança logística são repassados ao consumidor. Segundo a Strong Business School (SBS), as varejistas, as distribuidoras, os centros de distribuição e companhias em geral não ficam com esse prejuízo. As empresas acabam repassando isso para o cliente final. Tradicionalmente, custos como os da segurança já eram contabilizados pelas companhias, mas agora elas precisam recalcular o passivo diante da alta nos crimes. Na prática, essa insegurança acaba onerando os preços ainda mais, que faz parte do custo Brasil. Isso é mais uma das ineficiências logísticas do País.

Segundo a Overhaul no Brasil, parte da explicação para a elevação do número de ocorrências está em uma demanda crescente do consumo de produtos roubados. Essa é uma questão social muito importante que tem de ser analisada. Para o Grupo BBM, um dos maiores operadores logísticos do Mercosul, há outros dois fatores: a precariedade das estradas, que facilita a ação de criminosos, e à ineficiência da segurança em rodovias e periferias. O resultado é que só em 2022 as empresas tiveram um prejuízo de R$ 1,2 bilhão com o roubo de cargas. Para mitigar os roubos e furtos no transporte, a BBM investe em áreas como operação, tecnologia e pessoas, em tecnologia de segurança embarcada nos veículos e segurança dos softwares de controle e monitoramento. Maior segurança significa muito dinheiro. Fazer um seguro custa caro e comprar softwares de segurança, também. As despesas com segurança em um grupo como o BBM, que tem mais 4 mil veículos e faz 20 milhões de entregas anuais, ficam entre 2% e 3% da receita bruta.

As empresas, porém, não têm muita saída. Casos de roubos são comuns e os veículos são achados, mas a carga, não. Segundo o modelo da Overhaul para monitorar as ocorrências de roubo de cargas, a projeção inicial é de que o número de casos cresça entre 1% e 2% neste ano. Caminhões com produtos de e-commerce, alimentos e bebidas, tabaco, combustíveis e até itens de higiene pessoal estão na lista de carregamentos mais roubados pelos criminosos. No topo da lista de cargas mais “cobiçadas” pelas quadrilhas que atuam no País, estão os caminhões com carregamentos diversos, ou cargas “miscelâneas”, com 43% das ocorrências, um crescimento de quase 10% em comparação a 2022. Para especialistas, a escolha dos criminosos por determinados itens está diretamente ligada à facilidade de escoar os produtos roubados. A terminologia “miscelâneas” é comum para designar os veículos de empresas como marketplaces e outros negócios que atuam no e-commerce (comércio pela internet), e acabam “misturando” muitos itens de diversos segmentos, como eletrônicos, celulares, moda, alimentos e outros, o que atrai criminosos.

Nota-se um aumento no caso de roubos que envolvem quadrilhas e o crime organizado. Na avaliação da Strong Business School (SBS), uma das explicações desse tipo de roubo é que a “preferência” dos criminosos está diretamente ligada à demanda de consumidores que aceitam consumir itens oriundos de ações criminosas. Uma parte da população aceita comprar produtos roubados ou de procedência duvidosa. São Paulo foi o Estado com o maior número de ocorrências desse tipo de crime no País em 2023, representando 42% do total de casos, resultado 4% superior ante o ano anterior. O estado de São Paulo está na região em que mais se registrou assaltos a carregamentos no ano passado. A Região Sudeste foi responsável por 76% das ocorrências do País. Em seguida, estão as Regiões Sul (10%), Nordeste (8%), Centro-Oeste (5%) e Norte (1%). A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirmou que adota políticas que têm se mostrado eficientes e que reduziu o número de ocorrências do tipo em 4,8% em 2023, na comparação com o ano anterior.

Importante para o escoamento de produtos no estado de São Paulo, a Baixada Santista, onde fica o Porto de Santos, registrou quatro vezes mais ocorrências de roubos de cargas no ano passado ante a 2022. As empresas que têm carregamentos nessa região começam a tomar mais cuidado. As companhias enfrentam um grande problema na região. É uma área que merece atenção especial. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirmou que está atenta aos indicadores na Baixada Santista e que tem concentrado esforços para combater os casos com uso de inteligência, tecnologia e operações integradas. Prova disso foi uma ocorrência recente na região, que resultou na recuperação de uma carga de cigarros avaliada em R$ 7,2 milhões, no dia 23 de janeiro, em Cubatão. Na ação, a Polícia Militar prendeu 15 criminosos em flagrante. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.