23/Feb/2024
Depois de ensaiar, na temporada anterior, seus primeiros passos na produção de sementes de trigo, a Boa Safra prepara o início das vendas do insumo. A companhia vai comercializar quatro variedades na Região Sul e no Cerrado do País e tem a expectativa de vender 2 mil toneladas em 2023/2024. O produto já está disponível nas 600 revendas parceiras da empresa. As sementes trazem tecnologia da argentina Biotrigo, que ficou conhecida por ter sido a primeira empresa do mundo a conseguir a aprovação de cultivo de trigo transgênico. Ainda assim, por enquanto, não haverá produtos geneticamente modificados no portfólio. A Boa Safra está trazendo o que o mercado mais demanda e quer conquistar boa parte da área que usa semente salva.
No Cerrado, 50% dos produtores salvam sementes de trigo para plantar, e, na Região Sul do País, a fatia fica entre 35% e 40%. Para efeito de comparação, no caso da soja, um segmento mais maduro, e no qual a Boa Safra tem 8% de participação, 85% da produção é com sementes profissionais. A produtividade média de uma semente profissional é de 10% a 15% maior que a de uma salva. É por isso que o custo vale a pena. A Boa Safra vai comercializar as sementes por preços entre R$ 3,00 e R$ 3,80 por Kg, o que representa de R$ 3 mil a R$ 3,8 mil em big bags de mil quilos. Um big bag de soja custa entre R$ 8 mil e R$ 11 mil. A semente de trigo é mais barata, mas o volume necessário para o plantio é maior que o da soja.
Um hectare da oleaginosa recebe entre 50 e 60 quilos de sementes, enquanto o mesmo terreno de trigo recebe entre 150 e 160 quilos. Além de investir em trigo, a Boa Safra começará a comercialização de sementes de feijão, cujo mercado é dominado (85%) por sementes salvas. A empresa pretende se tornar uma companhia de múltiplas sementes. No ano passado, 85% do faturamento da Boa Safra foi proveniente da soja, 2% do milho e o restante, de outros produtos. A companhia divulgará seus resultados financeiros do ano passado no dia 21 de março. Até o terceiro trimestre de 2023, a carteira de pedidos da empresa somava R$ 506 milhões, dos quais R$ 487 milhões eram de soja e R$ 19 milhões, de milho.
No mesmo período de 2022, a carteira total era de R$ 464 milhões. A entrega de sementes de soja na safra atual chegou a 4,6 milhões e, em 2024/2025, deve alcançar 5 milhões. No caso das sementes de feijão, cultura em que os agricultores precisam de 60 quilos e sementes para cultivar 1 hectare, a expectativa é comercializar 2 mil toneladas nos três ciclos de 2023/2024. O custo para o produtor é de R$ 10,00 a R$ 10,80 por Kg. A Boa Safra já negociou 90% das sementes de feijão para esta safra. A empresa tem hoje 200 produtores integrados que cultivam grãos para sementes, principalmente na região de Formosa, em Goiás, mas há incentivos para ela dar início ao manejo de produtos na Bahia.
A Boa Safra paga um prêmio pelo grão que pode se tornar uma semente, e o que sobrar, o produtor ainda vende no mercado spot. O mercado de sementes profissionais tem crescido no Brasil porque o produtor percebeu que, com essas sementes, ele consegue melhorar a produtividade e precisa aplicar menos defensivos nas lavouras, o que compensa o gasto com a semente, que é mais alto. Estudo da Embrapa aponta que o gasto do produtor com sementes representou 15% do custo total, em média. Em 2006, as sementes representavam 4% do custo dos produtores. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.