15/Feb/2024
Os produtores rurais estão deixando as compras de fertilizantes para última hora, embora a relação de troca com a soja esteja favorável no momento, principalmente por causa da queda das cotações do cloreto de potássio. A colheita da safra 2023/2024 está em andamento e, historicamente, o produtor já começa a planejar o custeio da próxima temporada 2024/2025. No entanto, segundo a consultoria Argus, o atual quadro de quebra da safra 2023/2024 e de baixos preços dos grãos deve manter o produtor mais contido em suas negociações. Além disso, os produtores têm se habituado cada vez mais a deixar as aquisições de insumos para em cima da hora, o que tem diminuído o ritmo de comercialização de fertilizantes no mercado brasileiro no primeiro trimestre de 2024, seguindo uma tendência do início de 2023.
A relação de troca favorável ao produtor também é reflexo dos maiores estoques de passagem de fertilizantes, que podem chegar a 10,3 milhões de toneladas. No caso do MAP (fosfato monoamônico), apesar de os preços terem caído menos do que os do cloreto de potássio, a importação no ano passado foi expressiva e há produto em estoque. O ano de 2024 pode ser de incremento global na oferta de fertilizantes, com novas minas entrando em operação, principalmente no Sudeste Asiático. São volumes que devem atender especialmente a China, mas ainda assim acabam influenciando na balança global e nos preços no mercado brasileiro. Mas, mesmo diante desse cenário, os produtores de soja e de milho seguram as compras antecipadas de adubo, assim como fizeram no ano passado. Mesmo para a soja do último ano, eles postergaram muito, mas a indústria conseguiu entregar.
Acabaram não pegando a melhor relação de troca, porém, conseguiram o fertilizante a tempo da aplicação na lavoura. Entretanto, esse tipo de comportamento é sempre arriscado, por causa dos entraves logísticos do País. Somado a isso, os caminhoneiros também preferem pegar o frete de exportação de grãos, mais remunerador, do que dos fertilizantes, o que pode atrasar ainda mais a chegada dos produtos ao campo. A Argus considera que a aquisição antecipada de fertilizantes deverá ocorrer a partir do segundo trimestre do ano, já às vésperas do plantio da safra 2024/2025. Nesse sentido, no caso dos fertilizantes, a tendência é de que as cotações subam no período, em virtude da maior procura. Cada agricultor vai avaliar suas margens, mas, pensando nos preços, o ideal seria que a antecipação da compra ocorresse. Em relação ao milho, a expectativa era de uma negociação mais expressiva de ureia no início deste ano para a segunda safra 2023/2024.
Mas essa projeção mostrou-se frustrada, em virtude de um cenário para a soja com atrasos no plantio e replantios, além de expectativa de menor área plantada. No Paraná, faltam ainda entre 15% e 20% dos fertilizantes necessários para o cereal da 2ª safra de 2024, mas participantes do mercado apontam que deve rodar em torno de 5%. Isso tem se concretizado no sentido de movimentação, observa-se poucos negócios de nitrogenados para atender a 2ª safra de milho de 2024. Um leilão de compra indiano impulsionou os preços globais, o que repele ainda mais os negócios. Ainda é distante projetar o cenário de compra de fertilizantes pelo produtor para o milho 2024/2025. Mas, a tendência das últimas safras é esse comportamento de postergação. E o milho também não tem perspectiva de alta nos preços, com a retomada da produção argentina. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.