23/Jan/2024
Os preços do transporte marítimo global continuam a subir, conforme os rebeldes Houthi seguem atacando os navios de carga no Mar Vermelho e nos arredores. As interrupções estão em um ponto-chave para os navios que passam pelo Canal de Suez e criam problemas nas cadeias de suprimentos da Europa e dos Estados Unidos, atrasando as remessas e aumentando os custos de transporte. Os custos médios mundiais de transporte de um contêiner de 40 pés subiram 23% na semana até 18 de janeiro, para US$ 3.777, de acordo com a Drewry Shipping Consultants, mais do que dobrando em relação ao mês passado. Os aumentos são percebidos muito além das rotas comerciais interrompidas que ligam a China à Europa e à costa leste dos Estados Unidos. As tarifas do mercado spot para enviar um contêiner da China para Los Angeles (EUA) subiram 38% na semana até 18 de janeiro, para US$ 3.860,00.
A volatilidade está de volta, em grande parte no transporte internacional de contêineres, afirmou o grupo Drewry Shipping Consultants. As grandes empresas que têm contratos de longo prazo com transportadoras marítimas são, em boa parte, imunes às oscilações do mercado spot. Mas, muitas dessas empresas estão pagando sobretaxas de 20% ou mais, além das taxas contratuais, para compensar os custos mais altos de transporte, como combustível e seguro. O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que o tráfego marítimo pelo Canal de Suez caiu 37% até agora em 2024 em relação ao ano anterior, e as principais transportadora marítimas desviaram navios por rotas alternativas pela África, acrescentando mais de uma semana de trânsito. Os atrasos já estão afetando alguns fabricantes na Europa, como as indústrias automobilísticas da Tesla e da Volvo, devido à escassez de peças.
Desde que o grupo rebelde Houthi, do Iêmen, passou a atacar navios mercantes que trafegam no Mar Vermelho, as companhias de navegação começaram a buscar outras rotas mais distantes para evitar o tráfego na região, crucial para o comércio global. Os houthis justificam a ofensiva como protesto pela guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas, que faz parte da aliança regional dos rebeldes do Iêmen com o Hezbollah, no Líbano, e o Irã. Eles dizem que continuarão com os ataques até que Israel cesse as ações em Gaza. Com os ataques, o grupo atinge os principais aliados de Israel (Estados Unidos e Europa) ao gerar prejuízo financeiro. A região compreende cerca de 12% do comércio mundial. A decisão dos Estados Unidos e do Reino Unido de atacar bases do grupo mostrou o incômodo com as ações no Mar Vermelho. Em três meses, gigantes da navegação, como o líder global A.P. Møller-Mærsk, anunciaram planos para evitar o Mar Vermelho e o Canal de Suez no transporte de produtos da Ásia para a Europa e Estados Unidos.
Isso significou o desvio de mais de US$ 200 bilhões (cerca de R$ 985 bilhões) em produtos, no período, pelo Cabo da Boa Esperança, no sul da África. As rotas mais longas significam preços mais caros para o transporte dos produtos e maior tempo de viagem. Um levantamento da empresa Freightos indica que o envio de um contêiner da China para a Europa subiu de menos de US$ 1 mil para US$ 4,7 mil. Por enquanto, não há um grande impacto nos preços aos consumidores, mas isso pode mudar rapidamente se os ataques continuarem e a violência aumentar. Os preços dos contêineres na maioria das rotas marítimas em todo o mundo estão agora mais altos do que em qualquer momento de 2023, segundo a Universidade de Hanken, na Finlândia. Ainda assim, seguem distantes do pico alcançado na pandemia, de US$ 15 mil na rota China-Europa. As consequências não estão apenas relacionadas ao tempo e ao custo da viagem, que passa a ser maior por exigir mais combustível e pelo aumento do preço dos seguros. Há uma preocupação com a escassez de contêineres.
Eles simplesmente não estarão nos lugares onde deveriam estar. Cerca de 12% do petróleo marítimo e 8% do gás natural liquefeito (GNL) também transitam pela rota do Canal de Suez e estão sob a ameaça das tensões. Até o momento, os preços dos combustíveis não foram afetados de maneira significativa, mas essa é uma das maiores preocupações para os líderes globais. Após as ofensivas contra as bases militares houthis, os Estados Unidos anunciaram que estavam “muito confiantes” de que haviam conseguido reduzir a capacidade dos rebeldes de continuar atacando os navios, mas as empresas ainda não estão completamente convencidas de que a segurança foi restabelecida. Os próprios houthis demonstram confiança de que ainda são uma ameaça. Em discursos em Sanaa, capital do Iêmen, dois dias depois da primeira ofensiva, os rebeldes afirmaram que não se importam com os ataques e em tornar o conflito em uma guerra que afetaria todo o mundo.
No dia 15 de janeiro, quatro dias depois do primeiro ataque do Ocidente, um navio de contêiner foi atingido no Golfo de Áden pelos rebeldes. Os houthis resistiram na guerra civil do Iêmen por sete anos contra uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita com nações como Estados Unidos e Reino Unido. É um erro subestimar os houthis. Eles têm uma capacidade de ação mais ousada que causaria maiores prejuízos à economia global. Isso está relacionado não apenas ao arsenal do grupo, abastecido pelo Irã, mas também pela posição geográfica estratégica. O Iêmen fica ao lado do Estreito de Bab al-Mandab, uma área de apenas 30 Km de largura que pode ser bloqueada com facilidade. Estima-se que cerca de 3,5 milhões de barris de petróleo trafegam pelo estreito todos os dias. É lá que a maioria dos ataques está registrada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.