15/Jan/2024
Nas décadas de 1970 e 1980, durante as obras da hidrelétrica de Itaipu, cerca de 40 mil brasileiros migraram para o Paraguai. Algumas dessas pessoas haviam sido desalojadas de suas terras no Brasil, inundadas para a construção da usina, e outras partiram em busca de terras férteis e mais baratas. Esse movimento criou novas oportunidades de negócios, e a Cotripar as aproveitou. Passadas três décadas, a empresa paraguaia, de sócios brasileiros, tem quatro divisões e fatura US$ 53 milhões ao ano. O avô dos atuais proprietários da empresa havia saído de Santa Catarina para trabalhar em uma concessionária de máquinas agrícolas em Foz do Iguaçu (PR). Na cidade, que fica na fronteira com o Paraguai, e na qual só se falava da hidrelétrica naquele momento, ele recebeu a indicação de Francisco Maturro, ex-secretário da Agricultura de São Paulo e presidente da feira Agrishow, de Ribeirão Preto (SP), até o ano passado, para montar uma loja no Paraguai.
Era a chance de atender os brasileiros que estavam começando a plantar naquela região, conta Bruno Vefago, neto do fundador da Cotripar e atual diretor comercial da companhia. Assim se fez, e em 1996 a família montou uma loja de implementos na cidade paraguaia de Santa Rita. Havia na região bons tratores locais, mas poucos implementos para garantir o trabalho. Os produtores brasileiros cruzavam a fronteira para comprar o que precisavam. Era uma oportunidade de atender esse nicho com a loja. O modelo de negócios mudou e cresceu. Nos anos 2000, depois de comprar alguns pequenos negócios locais, a Cotripar começou a vender peças de reposição das máquinas, e, em janeiro de 2020, ela tornou-se uma concessionária da Valtra, uma das marcas que pertencem à AGCO. Mais recentemente, no início do ano passado, o grupo começou a representação das máquinas Fendt.
Hoje, o grupo Cotripar tem quatro divisões: venda de implementos, que responde por 65% do faturamento, comercialização de peças de todas as marcas, responsável por 10% da receita, a concessionária Valtra, com 20%, e a Fendt, com operações que Vefago considera promissoras, mas que ainda é responsável por apenas 4% do faturamento. Começou agora com quatro tratores Fendt de alta potência, três foram vendidos e um ficou para apresentar a marca no país. Mas, a empresa vai trabalhar com máquinas menores e plantadeiras. Segundo Vefago, a venda de implementos de todas as principais fabricantes mundiais permitiu ao grupo Cotripar ter 10% de participação no mercado do Paraguai. No Paraguai, assim como na Região Sul do Brasil, o mercado prefere tratores de média potência, com 90 cavalos. A demanda dos produtores paraguaios fica entre 1,8 mil e 2 mil tratores ao ano.
O modelo de vendas é diferente do que existe no Brasil, pois no Paraguai não há consórcio nem Moderfrota, o programa de financiamento de máquinas agrícolas do BNDES, por exemplo. O país conta com um banco público de fomento, mas a maior parte das vendas de máquinas agrícolas é financiada por bancos privados. O financiamento da produção, por sua vez, ocorre por meio de barter (troca de insumos por entrega da produção no futuro) com as tradings e empresas de agroquímicos. O prazo médio para pagamento por uma máquina nova é de 6 anos e a taxa de juros é de 6,5% ao ano, em dólar. Existe também uma modalidade com o guarani (moeda local), mas o juro vai para 11% ao ano. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.