13/Dec/2023
Fornecedora de insumos para gigantes de defensivos como UPL e Syngenta no Brasil, a multinacional indiana SML inaugura esta semana a primeira operação na América Latina, em Campinas (SP). A chegada ao Brasil tira do papel o plano de expansão de negócios na região. A empresa está investindo US$ 10 milhões para a entrada no mercado brasileiro. Metade do montante foi usado para compra de ativos, como registros de insumos químicos que vão compor o portfólio de produtos oferecidos diretamente a produtores. A outra metade será direcionada à contratação de 14 funcionários, que serão os representantes da marca no País. No Brasil, a meta é faturar até março de 2025, mês que finalizará o primeiro ano fiscal em operação no país, US$ 5 milhões. A operação irá atender diretamente o consumidor final, ou seja, o produtor rural. O fornecimento de matérias-primas a partir da Índia para empresas instaladas aqui continuará a ser feito pela matriz.
O projeto, discutido desde 2019, deve continuar pela Argentina. A abertura econômica prometida pelo novo presidente da Argentina vai ajudar instalar uma subsidiária no país. Até fim de 2025, a ideia é estar na Argentina, como uma forma de dar um salto entre os principais players agrícolas da América Latina. Com isso, mais capital será injetado nos dois países no próximo ano. Globalmente, a SML atua nos segmentos de defensivos, fertilizantes de solo e, mais recentemente, produtos biológicos, que têm no Brasil seu principal mercado. Está fora de cogitação ter fábrica no País, ao menos nos próximos cinco anos, mas a ideia está no planejamento de longo prazo da companhia. Porém, a empresa tem uma equipe atenta a oportunidades de fusões e aquisições e mira a compra de empresas com capacidade de absorver as tecnologias da SML ou que já as conheçam, para ganhar tempo. Outro pilar da estratégia é a aquisição de ativos e registros de agroquímicos no Brasil, além de maior presença de seus produtos em distribuidoras e revendas.
Antes de oficializar o desembarque no Brasil, a empresa começou a testar de produtos em cultivos irrigados das cidades de Petrolina (PE) e São Gotardo (MG). A empresa está gastando centenas de milhares de Reais para culturas extensivas no Brasil, em especial, para a fertirrigação, onde já tem experiências promissoras por todo o mundo. Em Petrolina, o trabalho é com uva e manga, enquanto em São Gotardo o foco é em verduras e leguminosas. Toda produção da SML fica na Índia, onde há sete plantas com capacidade para atender mais de 80 países. Atualmente, 50% do faturamento da empresa está na linha de nutrição, a partir de fertilizantes à base de enxofre, outros 40% ficam com defensivos e 10% com biológicos. As projeções apontam para um fortalecimento nos segmentos de nutrição e bioinsumos a ponto de corresponderem a 70% do faturamento em médio prazo. O Brasil é crucial para essa inversão da origem de receita da companhia a partir do desenvolvimento comercial e de inovação em formulações a partir de pesquisa.
Globalmente, a empresa possui 380 patentes, muitas delas válidas em território brasileiro. Em um momento delicado para as empresas de insumos que enfrentam há meses travas nas vendas, a SML quer investir. Para isso, além das experiências em Petrolina e São Gotardo, vai direcionar a atenção para a cana-de-açúcar que, diferente das outras commodities, que cresceu e rentabilizou este ano. A potencial pegada de carbono e o fato de 15% da cana-de-açúcar brasileira estar sob o RenovaBio atraem a companhia, que se instala em uma cidade próxima aos grandes canaviais e usinas do País. A oportunidade está aliada ao fato da Índia ser uma alternativa para a desaceleração econômica da China e é o segundo maior parceiro do Brasil no bloco econômico BRICS. Atualmente, mais de 50% dos investimentos da companhia estão no Brasil. Em 2022, a multinacional faturou U$ 300 milhões. O crescimento anual está na casa dos dois dígitos. De 1995 até 2021 avançou 22% e projeta crescer 15% ao ano até 2025. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.