11/Dec/2023
O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) está preocupado com a possível menor produção de milho na safra 2023/2024. Milho e farelo de soja são os principais ingredientes na formulação de ração para animais de produção. Há apreensão, no mínimo, pela especulação em relação a preços desses insumos que pode ocorrer em 2024. Não é possível estimar aumento de custos de ração ainda, mas há uma preocupação de que de fato haja um ajuste para cima na cotação de milho. Em caso de aumento de preços nos grãos, será preciso decidir se o repasse do aumento será feito pelo produtor ao consumidor final ou se a indústria vai absorver este custo adicional, caso ocorra. É mais provável que a indústria absorva.
Várias consultorias, além da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estão revisando para baixo suas projeções de produção de milho em 2023/2024. Com o atraso no plantio de soja na Região Centro-Oeste, por causa da falta de chuvas, a janela para o plantio do milho 2ª safra de 2024 ficará apertada, o que pode fazer com que muitos produtores prefiram partir para outras culturas, como algodão e até gergelim. Em anos recentes, em que faltou cereal no mercado interno, o setor foi ao governo e pediu para que as importações de milho dos Estados Unidos fossem liberadas. Obteve-se inclusive uma licença para isso, mas não foi preciso importar. A experiência mostra que sempre que se espera que não haverá milho suficiente para o segmento de rações, acabou não faltando o grão. Mesmo assim, isso sempre foi um fator de especulação para aumentar preços.
Sobre a perspectiva de custos para 2024, além de possibilidade de safra menor por causa do fenômeno climático El Niño, há também questões de ordem econômica e política, como meta fiscal e reforma tributária. Outro fator de preocupação e que pode encarecer o milho e o farelo de soja internamente em um ano de safra menor são as exportações crescentes de milho, soja e farelo de soja. O Brasil está exportando até resíduo do etanol de milho, o DDG, que também serve para composição de rações. Internamente também que há competição cada vez maior com a indústria de biocombustíveis, como biodiesel (no caso da soja) e etanol de milho. Caso haja um aumento de preços desses insumos, os segmentos pecuários que mais vão sofrer serão o de bovinocultura de leite e o de aves de postura, que são muito sensíveis a variações de preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.