08/Dec/2023
Investidores detentores de debêntures da Unigel decidiram, em assembleia no dia 6 de dezembro, declarar o vencimento antecipado dos papéis, que somam R$ 500 milhões e venceriam apenas em abril de 2027. De acordo com a ata do encontro, 95,82% votaram pela antecipação do vencimento, o que agrava discussões que vinham sendo conduzidas com todos os seus credores e com outros investidores interessados em seus ativos. Durante o processo de renegociação de seu passivo e reorganização de suas operações, a Unigel obteve um prazo (waiver) com os debenturistas para não ter a declaração do vencimento antecipado. O prazo se encerrou nesta quarta-feira (06/12), diante da decisão da companhia em não atender as exigências dos debenturistas, a opção foi por não dar novo prazo. Agora, na próxima segunda-feira (11/06), os debenturistas deverão votar pela execução.
Segundo fontes próximas à negociação, os debenturistas fizeram exigências que lhes dariam mais direitos do que aos bondholders (detentores de títulos de dívida no exterior). Entre elas, ativo dado em garantia exclusivamente a eles e o recebimento do valor integral de seus créditos. A expectativa é de que a execução dessa dívida, que corresponde a 11% do total de passivo da Unigel, leve algum tempo, durante o qual eventualmente novas negociações ocorram. A Unigel não pode simplesmente honrar essa dívida, uma vez que isso pode gerar cobrança de outros credores. Uma possibilidade, seria a companhia fechar um acordo com uma maioria de credores, forçando os demais a aceitar a negociação. A Unigel não paga os juros das debêntures desde 8 de outubro. Uma opção para a empresa era apresentar uma garantia adicional para o papel, até o dia 5 de dezembro, o que não foi feito. Os debenturistas alegam que a Unigel descumpriu cláusulas importantes, como não apresentar demonstrações financeiras até 30 de setembro.
Sem esses números, não é possível apurar o índice de alavancagem da companhia. Os investidores aprovaram ainda a contratação do escritório Lefosse Advogados como representante deles em eventuais litígios e outros procedimentos judiciais. Os bondholders propuseram um haircut de cerca de 50% em suas dívidas, para desalavancar a companhia e favorecer a operação que tem exigência de capital muito elevada. Os outros 50% de dívida seriam trocados por ações no futuro. Existe também uma opção na mesa de injeção de capital pelos bondholders, entre R$ 100 milhões a US$ 150 milhões. A companhia rompeu em setembro seu compromisso de pagamento de US$ 23,2 milhões em juro de US$ 530 milhões em títulos (bonds) que emitiu no exterior. Esses títulos vencem em 2026. A Unigel já teve o rating rebaixado para a categoria 'default' pelas agências de classificação de risco e vem tomando medidas para reestruturar seus passivos. Uma delas foi contratar o Citi para vender ativos.
Também está renegociando com investidores estrangeiros. No começo desta semana, anunciou um acordo para a venda de uma planta no México, a Plastiglas. A Unigel esclarece que tomou conhecimento de comunicado a mercado emitido pelo agente fiduciário a respeito do vencimento antecipado das Debêntures, declarado em Assembleia Geral de Debenturistas realizada em 6 de dezembro. Cabe esclarecer que as debêntures representam aproximadamente 11% do total da dívida da companhia e, na ocasião da AGD, não houve acordo para extensão do prazo de inação em função da exigência, pelos debenturistas, de condições mais vantajosas em relação aos demais credores. A empresa ratifica que não pode conceder tratamento privilegiado para qualquer parte e informa que segue trabalhando numa solução global e equitativa para seus credores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.