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22/Nov/2023

Canal do Panamá: seca limita passagem de navios

O Canal do Panamá não tem água suficiente. A escassez de chuvas, atribuída às mudanças climáticas, está levando a uma redução constante dos níveis de água do imprescindível canal. O problema é tão grave que está sendo imposto um limite para o número de navios que podem atravessá-lo, medida que deve impactar o comércio de derivados de petróleo, bens de consumo e alimentos, já que as transportadoras serão obrigadas a navegar milhares de quilômetros a mais para fazer suas entregas. As restrições começaram este mês e continuarão pelo menos até fevereiro, segundo a autoridade gestora do canal. Até lá, o número de embarcações será limitado a 18 por dia, uma redução de 50% em relação a 2022. Aquelas que não puderem atravessá-lo provavelmente mudarão a rota para o Canal de Suez, adicionando pelo menos uma semana à travessia entre os Estados Unidos e a China, ou contornarão o sul da América do Sul.

Esses deslocamentos queimarão mais combustível e provocarão um aumento do custo do frete. Segundo a Xeneta, plataforma que analisa os mercados de frete marítimo e aéreo, é um desastre acontecendo em câmera lenta. A expectativa é que isso se prolongue por pelo menos mais um ano. A crise segue o mesmo padrão do que aconteceu com os rios da Europa durante as ondas de calor recordes em 2022. O Reno e o Danúbio, por exemplo, estavam evaporando com tamanha velocidade que o trânsito de mercadorias, avaliado em cerca de US$ 80 bilhões por ano, foi prejudicado, afetando o refino do petróleo, a geração de energia e o cultivo de milho. O último mês de outubro foi o mais seco já registrado no Panamá desde o início do monitoramento, em 1950. O nível do Lago Gatún, um corpo de água doce pelo qual as embarcações navegam em seu trajeto pelo canal, caiu a um nível sem precedentes.

O comércio através do canal gerou US$ 4,3 bilhões em receita no ano passado. Os principais usuários incluem navios-tanque que transportam produtos petrolíferos, principalmente propano liquefeito, das refinarias dos Estados Unidos para a Ásia; navios porta-contêineres levando produtos fabricados na China para a costa leste dos Estados Unidos; e graneleiros que carregam milhões de toneladas de grãos e outros produtos agrícolas. As restrições severas de tráfego parecem ser particularmente desafiadoras para os fornecedores de propano. Os estoques norte-americanos de propano e propileno atingiram o maior nível sazonal já registrado, enquanto a demanda da Ásia por insumos petroquímicos continua a aumentar. Para a transportadora Advance Gas, evitar a espera custou US$ 2,85 milhões, valor que pagou em um leilão para furar a fila na próxima semana.

Mais da metade das cargas de propano dos Estados Unidos foram para a Ásia em 2022, segundo os dados da Administração de Informações de Energia dos Estados Unidos. Para as transportadoras de contêineres, a seca é o mais recente de uma série de eventos que afetaram as operações nos últimos anos, como o caos provocado pela pandemia, que assolou os exportadores da China, e a obstrução do Canal de Suez por um navio gigante que encalhou. As restrições, agora, significam que vai demorar cerca de 10% a mais para um contêiner ser transportado de um porto chinês até a costa leste dos Estados Unidos, segundo a Project44, empresa que monitora as cadeias de suprimentos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.