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16/Nov/2023

AgroGalaxy divulga resultado do 3º trimestre/2023

O AgroGalaxy, um dos maiores grupos varejistas de insumos agrícolas e serviços voltados ao agronegócio do Brasil, registrou no terceiro trimestre deste ano prejuízo líquido ajustado de R$ 88,7 milhões, ante lucro líquido ajustado de R$ 19,4 milhões no terceiro trimestre do ano passado. A margem de lucro ajustado ficou negativa em 3,7%, ante 0,6% positiva há um ano. Segundo a companhia, o resultado financeiro foi afetado pela elevada taxa de juros. A receita líquida total do AgroGalaxy no terceiro trimestre do ano atingiu R$ 2,369 bilhões, 22,9% abaixo dos R$ 3,074 bilhões apurados em igual período do ano passado. A receita de insumos diminuiu 41,5%, para R$ 1,304 bilhão, com queda de 44,4% em preços e aumento de 2,9% em volume. Entre os insumos, os segmentos de especialidades e bioinsumos, que possuem margem bruta maior, cresceram 2,8% e 1,7%, respectivamente.

Já a receita com grãos subiu 26,1%, para R$ 1,066 bilhão. O lucro bruto ajustado atingiu R$ 255,3 milhões no terceiro trimestre, queda de 36,1% na comparação anual. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado cedeu 54,9%, passando de R$ 165,2 milhões do terceiro trimestre do ano passado para R$ 74,4 milhões no último trimestre deste ano. Em release de resultados, a empresa destacou que a margem bruta de 18,2% foi recorde para o terceiro trimestre. A empresa se antecipou ao mercado e colocou em prática uma estratégia para enfrentar a intensa volatilidade dos preços e excesso de estocagem de insumos e a variação no valor das commodities, que influenciaram o comportamento do produtor, realizando pedidos muito próximos a seu uso ao longo do ano.

A conquista de maior margem do ano é muito relevante, dado que os terceiros trimestres costumam ser os de menor margem, por ter um mix importante de fertilizantes. A queda na receita da venda de insumos no último trimestre deve-se, em parte, ao atraso no plantio da safra de verão (1ª safra 2023/2024), em virtude das condições climáticas adversas. O fim de setembro, que é crucial no faturamento de safra de verão (1ª safra), principalmente em sementes e defensivos, foi afetado negativamente por altas temperaturas, atípicas para a época, alcançando mais de 40ºC em algumas regiões, fato que atrasou o plantio nas lavouras de boa parte do Brasil. Após um primeiro semestre de resultados fracos, o AgroGalaxy viu melhora sequencial nos resultados no terceiro trimestre deste ano. O terceiro trimestre teve pontos positivos, como a margem bruta de 18,2% que foi a maior para o terceiro trimestre.

Fechamento com caixa por volta de R$ 900 milhões, que também é parte da estratégia de ter um caixa saudável para operar a companhia. E houve trabalho pela redução das despesas, com queda de 23% nas despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A). No período, a receita líquida do grupo caiu 22,9%, para R$ 2,369 bilhões. O prejuízo líquido ajustado foi de R$ 88,7 milhões, ante lucro líquido ajustado de R$ 19,4 milhões há um ano. Os resultados foram fruto das estratégias adotadas ao longo dos últimos três meses, a fim de fazer frente ao recuo dos preços dos insumos (em média de 50% dos fertilizantes e de até 70% nos herbicidas), à inadimplência do produtor rural e ao excesso de inventário da empresa, que pressionaram as margens, sendo a primeira empresa a perceber necessidades de ajustes na organização para enfrentar as variáveis que surgiram no agronegócio brasileiro.

Houve renegociação de produtos com fornecedores (indústria) para equacionar preço e inventário e foi obtido sucesso no recebimento dos grãos. O inventário caiu de R$ 1,6 bilhão para R$ 300 milhões, visando à recomposição de caixa. O AgroGalaxy estima que 99% do inventário já foi equalizado pela empresa. Há um problema de inadimplência enfrentado no setor, que estava em dois dígitos para 2ª safra, o que foi reduzido para um dígito. Mesmo com a questão climática de atraso do plantio e o agricultor comprando da mão para boca, o AgroGalaxy está aproveitando as oportunidades de negócios e está preparado para capturar várias oportunidades em 2024. Outro ponto positivo é a melhoria do capital de giro da companhia, que foi reduzido em 28 dias. Teve redução de R$ 54 milhões nas despesas (SG&A) e uma gestão firme de capital de giro. Haverá um pequeno arrasto de faturamento do terceiro trimestre para outubro, ligado à questão climática de atraso no plantio.

Mas, é um trimestre com a retomada importante do barter como ferramenta de negociação, com crescimento de mais de 200% no barter para 2ª safra de 2024. O recuo na receita líquida da empresa na comparação anual do terceiro trimestre está relacionado às condições climáticas adversas à implantação da safra de verão (1ª safra 2023/2024) no País. O produtor está comprando da mão para boca, pois está com receio em plantar ou não plantar, em comprar ou não comprar. Mesmo com esse comportamento do produtor, há sinais muito positivos quando se olha o volume de insumos de 13% a 14% superior. Foi possível compensar grande parte da queda da receita com volume. Isso significa que o produtor continua comprando da companhia e comprando até mais do que comprava ano passado. O quarto trimestre será inédito em termos de intensidade de comercialização de insumos.

A empresa vê com tranquilidade o alcance da meta de Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado entre R$ 500 milhões e R$ 550 milhões ao fim do ano, em comparação com R$ 705 milhões reportados em 2022, conforme guidance divulgado em agosto e mantido ao fim deste terceiro trimestre. A empresa está entregando margem significativa no terceiro trimestre, bruta em 18,2%, onde o protagonista é o fertilizante que tem margem menor. Se observa alavanca de margem muito presente para chegar no Ebitda e outra alavanca são as despesas, a qual foram revisadas e o efeito virá no quarto trimestre. As vendas de sementes e defensivos, que possuem margem superior aos fertilizantes, tendem a ser o carro-chefe do quarto trimestre, podendo elevar a rentabilidade do período. Naturalmente que a empresa monitora mês a mês, mas há tranquilidade em cumprir o Ebitda. Até o fim de setembro, o Ebitda ajustado do AgroGalaxy era de R$ 413,2 milhões, 30,8% inferior aos R$ 597,4 milhões reportados de igual período do ano passado.

Em contrapartida, o grupo varejista de insumos agrícolas e serviços vê maior dificuldade em alcançar a meta de receita líquida, projetada entre R$ 11 bilhões e R$ 11,3 bilhões ante R$ 11,5 bilhões registrados no ano passado. O maior desafio de hoje é o faturamento. No acumulado de nove meses do ano, a receita líquida da companhia somou R$ 10,392 bilhões ante R$ 10,704 bilhões (-2,9%) de igual período de 2022. O foco do AgroGalaxy no próximo ano será ampliar a sua rentabilidade. A ideia é melhorar as margens no mix de produtos e aumentar a rentabilidade de cada loja e ativo, além de organização enxuta. Assim, o AgroGalaxy tende a não investir na abertura de novas lojas nos próximos dois anos e pode, inclusive, fechar algumas unidades. Talvez em 2025 possa se pensar em duas a três novas lojas que façam sentido, mas nada de planos “mirabolantes” de abrir 20 a 30 lojas no curto prazo. No momento, o mais importante é alcançar a maturidade das 58 lojas que foram abertas desde 2019. Atualmente, o grupo varejista avalia a performance de cada unidade a fim de decidir sobre a continuidade das operações.

Também entra nesse cálculo da rentabilidade um melhor mix de produtos. Alguns produtos entregam baixa margem de venda. Está sendo definido o quanto será preciso ter destes produtos dentro do portfólio para migrar para um portfólio com maior rentabilidade. A revisão do número de lojas e avaliação da performance dos ativos é uma prática já comum em todo o varejo. Não tem nada específico, mas a partir dos últimos três meses, a cada mês, está sendo analisada a performance das regiões e dos ativos. Com base nisso, serão tomadas as medidas necessárias porque o foco é crescimento com rentabilidade e no retorno dessas lojas. Ainda como medidas para ampliar as margens de rentabilidade, a gestão de compras de insumos pela empresa é importante, o controle "exaustivo" da concessão de descontos nas vendas, uma maior gestão de barter e a manutenção de nível adequado de estoques. Mais que vender muito, vender bem. Se for preciso mover loja de região ou fechar loja, isso será feito. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.