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16/Nov/2023

AgroGalaxy avalia o fechamento de lojas em 2023

Com a perspectiva de encerrar o ano com menor receita e rentabilidade mais estreita, o AgroGalaxy, grupo varejista de insumos agrícolas e serviços, avalia o fechamento de revendas ainda neste ano. Atualmente, o grupo tem 169 lojas em operação, das quais 8 unidades abertas neste ano. Será mantida a mesma estratégia de rentabilizar as lojas e acelerar o período de crescimento das lojas (ramp up), que era de três a quatro anos para alcançar a maturidade. Hoje, 23% da receita vem das lojas abertas nos últimos 24 meses. O plano é ficar dentro dessas poucas novas lojas para este ano e talvez até fechar algumas que não estejam entregando o esperado. O plano inicial para o ano era abrir entre 12 e 15 novas lojas. Posteriormente, foi revisado para 8 unidades, sendo que 6 foram inauguradas, e agora a empresa avalia o retorno financeiro loja a loja. Se alguma loja não está entregando, há a opção de abrir em outro local ou fechar aquela loja e atender os clientes daquela região em outras lojas. Ainda se está trabalhando em números, mas não será um número grande.

Isso faz parte da estratégia de rentabilizar a empresa e focar em margem. O diagnóstico sobre qual número de revendas serão encerradas ainda está em andamento pela empresa que avalia o desempenho individual de todas as unidades. A ideia é trabalhar com vendas de maior qualidade como qualquer outro varejo faz para trazer números mais robustos. A análise de rentabilidade das lojas que era anual tornou-se mais frequente. Entre o desempenho avaliado, o AgroGalaxy busca averiguar a performance granular de cada unidade em mix de vendas de fertilizantes, biológicos e recebimento de grãos. Se observa a loja nova e a antiga. Cada loja tem de se justificar. Não há número definido, mas não deve ser surpresa o anúncio de algum fechamento de loja. A estratégia de eventual encerramento de lojas é a maneira da empresa se preparar para enfrentar um cenário não tão pujante no agronegócio, em meio aos baixos preços das commodities. Isso é o normal do agronegócio: alguns anos excelentes, alguns anos bons e outros péssimos.

É importante entender isso e tomar as decisões cabíveis no momento, porque o agricultor continuará plantando e o Brasil vai continuar crescendo. A empresa está preparada para trabalhar bem em cenários que podem ser adversos. No acumulado do ano, o AgroGalaxy projeta alcançar receita líquida entre R$ 11 bilhões e R$ 11,3 bilhões ante R$ 11,5 bilhões registrados no ano passado, conforme guidance divulgado em agosto e mantido ao fim deste terceiro trimestre. O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia é estimado entre R$ 500 milhões e R$ 550 milhões ao fim do ano, em comparação com R$ 705 milhões reportados em 2022. A empresa está privilegiando margens mais sadias, principalmente, olhando que o mercado está atrasado e que talvez não aconteça toda receita que poderia acontecer no ano. Também está controlando quase de maneira excessiva as despesas para traduzir em margens. O foco é aproveitar as oportunidades de bons negócios, mas que tragam margens para a empresa e permita ter melhor rentabilidade.

Apesar de o maior foco em rentabilidade, o desafio permanece em faturamento, considerando que a empresa tem hoje rentabilidade acima do esperado pela companhia. Ainda não foram entregues as pontas, pois tem até o último dia do ano para faturar e, portanto, buscar esse número anual. Em setembro deste ano, a carteira de pedidos no portfólio do AgroGalaxy somava R$ 1,977 bilhão em comparação com R$ 2,754 bilhões em setembro de 2022, queda de 28%. O AgroGalaxy atribui a retração à queda de preços em fertilizantes e herbicidas e à tendência de o produtor realizar pedidos “da mão para a boca”, ou seja, mais próximo do momento do plantio. A queda na taxa básica de juros, a Selic, tende a contribuir com o resultado financeiro da empresa. Todo varejo brasileiro depende de financiamento através das linhas de bancos. Então, as reduções da Selic são bem-vindas. Mas, mais que a redução da Selic, a grande mudança de rumo é atuar fortemente no capital de giro. Observou-se uma redução de 28 dias no terceiro trimestre, que vai trazer a virada de chave e menor dependência de capital de terceiros.

Entre as linhas de maior rentabilidade que são alvo da companhia, destacam-se os bioinsumos e as especialidades. Mesmo com esse atraso das compras dos produtores, do terceiro trimestre de 2022 para o terceiro trimestre de 2023, foi possível crescer 3% na receita de especialidades e 1,7% em bioinsumos, pelo terceiro trimestre consecutivo. A empresa continua crescendo na receita de especialidades, mesmo no último trimestre que costuma ser de maior volume de sementes e fertilizantes. A empresa é a maior plataforma de bioinsumos e especialidades no País. Além de ser uma tendência irreversível, o agricultor está buscando mais o uso desse insumo hoje no campo. É uma linha que traz uma rentabilidade superior. Os bioinsumos representaram 5% da receita de insumos no último trimestre, enquanto o segmento de especialidades respondeu por 8,2%. Em relação à safra 2023/2024, houve deslocamento de parte das vendas do terceiro trimestre para o quarto trimestre deste ano, em virtude do plantio atrasado dos grãos de verão (1ª safra 2023/2024). Em volume, a venda de insumos cresceu 2,9% na comparação anual do último trimestre.

O agricultor está comprando da mão para boca. O clima tem colaborado para que ele compre volumes menores, além de que ele já tinha estoques. A partir do momento que as chuvas se regularizarem, o parque de máquinas está pronto para realizar plantio e há capacidade de recuperar o tempo perdido. O Paraná, por exemplo, apresenta boa evolução da semeadura. Será necessário ainda mais tempo para entender o desdobramento da safra de soja, dada a previsão de chuvas regulares em Mato Grosso somente a partir de 20 de novembro. Pelo fato exclusivamente do replantio, por enquanto, é cedo para dizer que terá queda de produtividade, mas o veranico forte de setembro e se as chuvas não se regularizarem é provável queda de produtividade, mesmo assim ainda podendo ser acima do colhido no ano passado. Mesmo com rendimentos díspares ao longo do Brasil pela irregularidade das chuvas, tudo indica que será uma safra recorde no País. O milho 2ª safra de 2024 tende a apresentar redução na área plantada, em virtude da janela mais curta para plantio. O AgroGalaxy encerrou o último trimestre com 30,756 mil clientes ativos, alta anual de 31%.

A XP Investimentos considera improvável o alcance das metas do guidance para este ano pelo AgroGalaxy, após resultado mais fraco da empresa no último trimestre. O AgroGalaxy reportou resultados fracos, muito abaixo das estimativas, refletindo o ambiente desafiador de preços mais baixos de insumos, juntamente com o atraso na safra, enquanto os produtores estão adiando a compra de insumos. Ao contrário dos seus pares listados, o AgroGalaxy não foi capaz de compensar a queda nos preços com volumes. A XP destaca que, apesar da recuperação nas margens de insumos agrícolas e da queda de 23% nas despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A), o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da empresa recuou 55% na comparação anual do terceiro trimestre, para R$ 74 milhões, ficando 61% abaixo do estimado pela XP.

Com isso, o Ebitda implícito do quatro trimestre para a companhia atingir o guidance de R$ 500 milhões deve representar um crescimento de 42% ante o quarto trimestre de 2022, o que é improvável. Isso representa um risco relevante para a companhia atingir o covenant de 3 vezes dívida por Ebitda, embora já tenha demonstrado sucesso em aproveitar seu importante papel na cadeia e renegociar prazos com fornecedores para trazer alívio ao fluxo de caixa. A importância da empresa para os fornecedores de insumos e sua boa capacidade de negociação com eles serão vitais para a situação do balanço da empresa ao final do quarto trimestre, para que a empresa atinja seu guidance. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.