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10/Nov/2023

Ferrogrão: mais benefícios ambientais que prejuízos

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Ferrogrão é alternativa viável para reduzir emissões no transporte de grãos e fazer com que o produtor rural produza com menor custo logístico, que hoje mina sua renda. A Ferrogrão tem seu traçado em direção aos portos do Arco Norte e passa por Mato Grosso e Pará. Segue apenas no papel, no aguardo da aprovação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que paralisou o processo em março, para que comunidades envolvidas sejam ouvidas sobre os impactos potenciais da ferrovia na região, além do desmatamento de floresta amazônica necessário ao traçado da malha ferroviária. O que se deve perguntar, em relação à ferrovia, é o que acontecerá com o transporte de grãos para o Arco Norte se ela não for construída. Na rodovia BR-163 (que segue em direção ao Norte), percorrem diariamente 1.800 caminhões. Mato Grosso deve produzir, em 2030, 130 milhões de toneladas de grãos. Se não houver a Ferrogrão, seria preciso duplicar a BR-163 para que ela comporte 3 mil caminhões por dia.

Também é importante comparar a capacidade de transporte da Ferrogrão e das rodovias. Uma composição na Ferrogrão, em um projeto elaborado em 2013, tinha capacidade de transportar 16 mil toneladas, o que substituiria 400 caminhões. Com a Ferrogrão, segundo o estudo, haveria redução de 800 mil toneladas de CO2 equivalente por ano. Em relação à audição de povos indígenas no entorno da Ferrogrão, o traçado da ferrovia não passa por áreas indígenas. As áreas indígenas mais próximas da Ferrogrão estão do outro lado do Rio Tapajós, a 4 e 7 quilômetros dos trilhos. Então, essas comunidades indígenas não serão afetadas pela ferrovia de forma alguma. Mesmo assim, o STF resolveu ouvir as comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas e o resultado dessa audição, além de análise em relação à necessidade de desmatar área ou não, deve ser apresentado até março do ano que vem, quando também se terá o projeto atualizado da Ferrogrão. A necessidade de supressão de floresta é de 0,054% da Reserva do Jamanxim. Os benefícios da Ferrogrão serão muito maiores.

Para a trading ADM, a Ferrogrão vai além do ambiental, e perpassa o social também. Com a ferrovia, se elimina o risco do efeito 'espinha de peixe' característico da construção de rodovias na Região Norte. Essa 'espinha de peixe' (ou seja, desmatamento nas margens das rodovias para ocupação humana) resulta em vários problemas sociais e ambientais para comunidades do entorno e a ferrovia eliminaria esse risco. A ferrovia conseguiria também aliar várias práticas de ESG, como redução das emissões. Há ganhos em todas as frentes. Porém, a ferrovia deve ser efetivamente discutida com todos os stake holders. Não se pode deixar de lado a discussão, no ambiente público, de um projeto transformador como a Ferrogrão. A HR Tech Mereo questionou se os problemas ambientais vão melhorar ou piorar se a Ferrogrão não for instalada. Há o risco de piorar a situação ambiental se transferir o gargalo logístico para outro local (caso a Ferrogrão não seja aprovada). Qualquer ferrovia deve, porém, passar por um plano estratégico de logística do País, e não de cada empresa ou outra isoladamente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.