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07/Nov/2023

Armazenagem: déficit se agrava com safras recordes

A impactante imagem de toneladas de grãos estocadas em enormes rolos de polietileno perfilados a céu aberto numa cooperativa de Maringá (PR) não deixa dúvidas sobre o problema que vem se agravando à medida que a colheita bate recordes. O déficit na logística de armazenagem é o lado B da supersafra que ofusca o fato de o País figurar entre os líderes de produção e comercialização global de grãos. Trata-se de um problema estrutural antigo, para o qual, ao longo das décadas, são adotadas medidas paliativas, algumas até desastrosas, mas nenhuma solução definitiva. O silo-bolsa, ou silo bag, que há cerca de dez anos tem sido uma alternativa para cooperativas e produtores brasileiros, nem está entre as piores, embora tenha sido desenvolvido para países de clima frio e seco, e não para regiões tropicais, onde o risco de fermentação do grão é maior. Em outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou como previsão para a safra do ciclo 2023/2024 a produção de 317,15 milhões de toneladas.

Ainda que represente queda de 1,5% em relação a 2022/2023, é um resultado robusto que esbarra num período de baixa nos preços das commodities agrícolas. O aumento da produção, aliás, é um dos fatores que levam à queda de preços. À espera de melhores oportunidades, a solução é o estoque. Mas, não há armazéns suficientes. Existe consenso sobre a necessidade urgente de ampliação e modernização da infraestrutura de armazenamento, mas não há sequer um diagnóstico exato sobre o problema. A Conab informou que ainda está desenvolvendo estudo qualificado para compreender melhor o déficit de armazenagem no País para traçar estratégias de forma mais efetiva. Há alguns meses, a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio estimou em R$ 30,5 bilhões as perdas do Brasil neste ano por causa da falta de silos. É um desperdício inaceitável de oportunidades, de recursos e de alimentos. Os cálculos das perdas que a ineficiência logística acarreta são sempre exorbitantes.

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) calculou, por meio de uma câmara setorial, que apenas para manter o déficit de infraestrutura deste ano, que especialistas estimam em 115 milhões de toneladas, seria preciso investir R$ 15 bilhões por ano. Frisando: não para melhorar, mas apenas para manter a deficiência atual, em paralelo ao aumento da produção. A força da produção agrícola nacional não é um fato a ser apenas comemorado como a salvação da lavoura para a economia nacional; é premente a adoção de medidas de longo prazo para firmar a posição do País. Não há como resolver o problema no curto prazo. O País precisa enterrar de vez os paliativos e políticas desastradas do passado, que já teve até queima de café para tentar manter os preços, como fez o governo Getúlio Vargas nos anos 30 e 40. Debalde, como se sabe. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.