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17/Oct/2023

Amazonas: seca ameaça transporte de mercadorias

A seca histórica no Amazonas ameaça parar a partir desta semana fábricas do polo industrial de Manaus (AM), onde está concentrada a produção nacional de eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos e motocicletas. As condições do transporte de cargas pelo Rio Amazonas e seus afluentes pioraram drasticamente nos últimos dias, provocando atrasos na entrega de materiais, assim como um acúmulo de produtos acabados nos estoques das fábricas. Até aqui, a situação foi administrada com rearranjos de produção que vêm evitando a paralisação completa das linhas. Porém, com o estresse logístico aproximando-se do limite, sem a perspectiva de normalização da navegabilidade no curto prazo, algumas empresas convocaram reuniões para discutir a adoção de férias coletivas nos próximos dias.

A informação foi confirmada tanto pela Eletros (associação que representa fabricantes de eletrodomésticos), quanto pelo sindicato dos metalúrgicos da região. As maiores embarcações não conseguem mais acessar o Porto de Manaus devido à redução do nível de água em trechos críticos para abaixo da profundidade mínima necessária para a passagem com segurança dos navios de grande calado. A alternativa é transportar as cargas por balsas entre Manaus e o Porto Vila do Conde, no município de Barcarena, no Pará, onde os navios estão transferindo a carga. As balsas, a depender do peso carregado, conseguem passar por trechos com profundidade inferior a 2 metros, já os navios precisam de pelo menos 8 metros.

Só que as balsas transportam apenas 10% da carga de um navio e não conseguem desenvolver muita velocidade, em razão das restrições atuais de navegabilidade, o que eleva o tempo do percurso. As soluções alternativas também implicam custo maior de transporte, dadas as despesas adicionais com a armazenagem dos materiais por mais tempo nos portos e as transferências imprevistas de contêineres. Conforme o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), os contratempos elevaram entre 25% e 50%, a depender do contrato, o custo de frete na região. A Eletros já recebeu dos associados informações de que sindicatos foram chamados para discutir a adoção de férias coletivas nas fábricas.

As fábricas estão com dificuldades para receber insumos e precisam equilibrar os estoques, que estão aumentando em seus pátios porque as mercadorias não estão sendo despachadas regularmente. O Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, diz que, de fato, chegaram à entidade avisos sobre planos de paradas de produção não apenas na indústria de eletroeletrônicos, mas também na de motocicletas. Algumas empresas só vão ter matérias-primas daqui 15 dias. Por ora, está descartado na indústria o risco de faltarem produtos nas lojas durante a Black Friday, na última sexta-feira de novembro. Por outro lado, o rio precisa voltar a subir para assegurar a normalidade das entregas de Natal, que acontecem a partir do fim deste mês.

Como a estiagem na Região Norte do País é um fenômeno sazonal, a indústria antecipou a produção e as entregas nos últimos meses para evitar o desabastecimento. Ainda assim, a seca de 2023, agravada pelo El Niño, superou as expectativas e pode ser a maior da história, atingindo uma área ainda maior e prolongando-se até o fim do primeiro semestre de 2024. Operadores logísticos alertaram clientes que não há previsão de quando os grandes navios voltarão a entrar em Manaus. Segundo o Cieam, uma reunião foi marcada para sexta-feira (20/10) com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Também foram convidados representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a quem cabe executar a dragagem, isto é, a escavação do fundo dos rios.

O objetivo é formar um comitê de crise. Um levantamento interno do Cieam identificou algum impacto da estiagem na produção de apenas 4% das indústrias da região. O percentual baixo mostra que a preparação do setor para a seca está, por enquanto, funcionando. No entanto, os rios podem continuar perdendo nível e a situação piorar até o fim do mês que vem caso os trabalhos de dragagem não comecem logo. A preocupação é como a situação vai estar em 30 de novembro. Se garantir 8 metros (profundidade mínima para a passagem dos navios), a crise passa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.