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05/Oct/2023

Fertilizantes: relação de troca desfavorável ao milho

Segundo a StoneX, com a queda dos preços do milho e uma nova alta das cotações dos fertilizantes, a relação de troca para a 2ª safra de 2024 está entre as mais apertadas dos últimos anos. No Porto de Paranaguá (PR), 35 sacas de 60 Kg de milho valem atualmente 1 tonelada de ureia, principal nitrogenado utilizado no plantio do cereal, enquanto em julho deste ano eram necessárias cerca de 20 sacas de 60 Kg do grão para obter 1 tonelada do insumo. Entre outubro de 2021 e janeiro de 2022, quando o preço do insumo atingiu seu pico, devido à guerra Ucrânia-Rússia, importantes exportadores do produto, aproximadamente 60 sacas de 60 Kg de milho valiam 1 tonelada do nitrogenado, a pior relação de troca do período.

O quadro atual ainda reflete a guerra na Ucrânia, que reduziu a oferta de fertilizantes, com desaceleração dos preços apenas em 2023. Nos Estados da Região Centro-Oeste, questões logísticas encarecem os insumos devido à distância dos portos, por onde chegam os produtos importados. Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) reforça que o produtor do Estado está precisando de mais milho para comprar adubos. Levantamento mostra que na safra passada o gasto na compra de 1 tonelada de fosfato monoamônico (MAP) era de 94,7 sacas de 60 Kg de milho, enquanto agora é de 106,21 sacas de 60 Kg de milho.

O mesmo ocorre com a ureia: enquanto em 2022/2023 era possível trocar 80,59 sacas de 60 Kg de milho por 1 tonelada do fertilizante, neste ano a relação é de 91,6 sacas de 60 Kg por tonelada. Comparando com a safra passada, os preços dos fertilizantes estão menores. Só que o preço do milho caiu ainda mais. No caso da ureia, os principais fatores de impulso dos preços são as restrições de exportações da China e uma licitação de compra inesperada da Índia, que levou a um aumento na demanda. Os preços podem subir um pouco mais antes de começar a cair, a partir de novembro (para níveis de julho deste ano), e voltem a aumentar em fevereiro de 2024. A expectativa é de que em 15 de novembro a ureia esteja em US$ 391,00 por tonelada caindo para R$ 311,00 por tonelada em janeiro. No dia 22 de setembro, o preço era de US$ 405,00 por tonelada CFR porto Brasil.

Em pesquisa trimestral divulgada pela Stonex no fim de agosto, até metade daquele mês 28% dos adubos a serem utilizados nas lavouras brasileiras no primeiro semestre de 2024 tinham sido comercializados. Em igual período do ano passado, esse percentual era de 32%. Na Região Centro-Oeste, principal produtora da 2ª safra de milho, as compras estão estáveis ante 2022, com 39% do volume assegurado até 18 de agosto, mas atrás dos 51% observados em agosto de 2021. A maior retração era observada na Região Sul, segunda maior produtora de milho 2ª safra, com 17% dos fertilizantes adquiridos, atrás dos 29% há um ano. Para a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), os preços mais baixos do milho não devem afetar a aquisição do insumo, que, no Estado, acompanham os patamares atuais dos fertilizantes.

Para a próxima safra, a previsão é de uso praticamente normal de insumos e um custo de produção menor, o que não aconteceu na safra atual. Somadas a isso, as questões logísticas também são diferentes do Centro-Oeste. Devido à maior distância dos portos, é natural que os produtores dos Estados centrais do País adquiram os insumos antes. É normal que os produtores do Paraná adquiram os insumos mais tarde. Quatro ou cinco meses antes do plantio é que o agricultor começa a pensar nisso. A maior movimentação desses insumos envolve as cooperativas, misturadores e importadores. A negociação hoje é a importação de matéria-prima para formulação, para que chegue a tempo lá na época do plantio, entre fevereiro e março do ano que vem.

Quem está comprando agora são os fornecedores de insumos e de matéria-prima. Outro fator que interfere na janela de plantio do milho e, consequentemente, na aquisição de fertilizantes para a 2ª safra é o plantio da soja. A perspectiva agora é ver como vai andar a safra de soja para definir como vai ser a safra de milho. Nesse sentido, o produtor tem uma preocupação maior com a compra de insumos mais para o fim do ano. O produtor tem que comprar o insumo logo, porque em janeiro ele vai estar semeando esse milho. Principalmente em virtude do clima, os agricultores podem querer esperar um pouco mais para ver se a janela de plantio da soja pode se estender e, por consequência, adiar a do milho. Se atrasar muito o plantio da safra de soja e isso atrasar a colheita, produtor pode considerar o risco de perder a produção de milho por geada, frio e outras situações e decidir plantar mais ou menos na 2ª safra. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.