03/Oct/2023

Centenas de empresas prometeram produzir grandes quantidades de hidrogênio verde, mas nenhuma teve sucesso até agora. A Electric Hydrogen acredita que o segredo do sucesso é encontrar uma maneira melhor de dividir uma molécula. Os investidores também acreditam nisso. A empresa é o primeiro ‘unicórnio’ da indústria do hidrogênio verde. Recentemente, arrecadou US$ 380 milhões de financiadores como BP, United Airlines, Microsoft e a mineradora Fortescue Metals. Com isso, ultrapassou a marca mágica de US$ 1 bilhão. A molécula é a de água. Dividi-la para criar hidrogênio verde requer dispositivos chamados eletrolisadores. São caros e consomem grandes quantidades de eletricidade renovável para produzir uma pequena quantidade de hidrogénio, tornando a maioria dos projetos antieconômicos. A Electric Hydrogen diz que seu eletrolisador pode produzir muito mais hidrogênio. A empresa pretende superar os fracassos passados do setor, combinando a arrogância tecnológica da Tesla com a disciplina financeira da First Solar, a única indústria de painéis solares dos Estados Unidos a sobreviver à concorrência chinesa.

A Electric Hydrogen atraiu executivos das duas. Quase todo o hidrogênio produzido hoje vem do aquecimento de gás natural. O processo é barato, mas gera emissões de gases de efeito estufa. A Electric Hydrogen afirma que seus ganhos de desempenho, combinados com generosos subsídios governamentais, vão lhe permitir produzir hidrogênio verde competitivo para o mercado atual. Em algumas partes do país que têm energia renovável barata, os créditos fiscais podem exceder os custos de produção, tornando o hidrogênio gratuito para os compradores. O hidrogênio verde é o ‘Santo Graal’ das tecnologias de energia limpa. É uma das poucas opções para eliminar as emissões de caminhões, aviões, siderúrgicas e fábricas de produtos químicos, onde a energia renovável e as baterias por si só não conseguem realizar o trabalho. O hidrogênio é uma das poucas maneiras de transportar energia verde por longas distâncias. A procura potencial é tão grande que o vencedor da corrida pelo hidrogênio verde poderá dominar um mercado avaliado em até US$ 1 trilhão nas próximas décadas.

O segredo da Electric Hydrogen são novos materiais e projetos. Em um laboratório 40 quilômetros a oeste de Boston (EUA), os engenheiros da empresa fabricaram internamente todos os componentes sensíveis do eletrolisador, seguindo o modelo de Tesla. Ao aumentar o desempenho, reduziram os custos, seguindo o mesmo manual que a First Solar usou para combater as importações chinesas. A Electric Hydrogen está tentando dar ao mundo a próxima grande tecnologia de que precisa, afirmou Raffi Garabedian, presidente-executivo da empresa e ex-diretor de tecnologia da First Solar. O executivo é cofundador da empresa aberta em 2020, ao lado de Dave Eaglesham, que também foi diretor de tecnologia da First Solar. A Electric Hydrogen planeja vender eletrolisadores mais baratos para produtores de hidrogênio, assim como os fabricantes de painéis solares vendem painéis para produtores de energia limpa. Dentro dos eletrolisadores da empresa, a água aquecida se move horizontalmente através de sulcos e canais em placas empilhadas, especialmente projetadas.

Membranas revestidas de metal dividem a água em hidrogênio e oxigênio. A reação cria bolhas de hidrogênio, que são então resfriadas. O oxigênio é liberado no ar ou reutilizado. É uma dança delicada que pode ser prejudicada pelas menores impurezas da água ou pela dificuldade de levar energia às placas onde ocorrem as reações. Os eletrolisadores têm sido historicamente dispositivos de pequena escala utilizados em submarinos, no espaço e no setor químico. A Electric Hydrogen acredita ter achado uma solução ao começar do zero e usar nova engenharia de placas, focada no desempenho de eletrolisadores maiores. Testar centenas de dispositivos maiores que usam menos metais preciosos e podem funcionar com energia renovável intermitente, reduziu custos e obteve melhores resultados. A Electric Hydrogen pretende reduzir ainda mais os custos. Até 2030, os clientes poderão produzir hidrogénio em Estados ricos em energias renováveis, como o Texas, por cerca de US$ 1,50 por Kg, em linha com o hidrogénio produzido a partir de gás natural.

A lei climática dos Estados Unidos, conhecida também como Lei de Redução da Inflação, prevê um crédito fiscal para o hidrogênio verde de até US$ 3,00 por Kg. Com esse dinheiro, os clientes que produzem hidrogênio poderiam dá-lo de graça e ainda assim obter lucro. O objetivo da Electric Hydrogen é tornar o subsídio irrelevante, reduzindo os custos. O setor aéreo vê o hidrogénio verde como uma forma de produzir combustível de aviação limpo. As afirmações da Electric Hydrogen serão postas à prova em breve. Ela abrirá sua primeira grande fábrica de eletrolisadores no próximo ano, em um centro de energia limpa instalado numa base militar convertida, 48 quilômetros a noroeste de seu laboratório. A fábrica de quase 18,6 mil metros quadrados ficará ao lado da startup de fusão nuclear Commonwealth Fusion e da empresa de reciclagem de baterias Ascend Elements. Em plena capacidade, a Electric Hydrogen pretende produzir o dobro de eletrolisadores por ano do total mundial em 2022. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.