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27/Sep/2023

Entrevista: Anderson Pomini - presidente Porto de Santos

Mantido no cargo pela gestão recém-empossada do Ministério dos Portos e Aeroportos, o presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, quer ter como legado a entrega de grandes obras de infraestrutura. Pomini afirma que se deparou com diversos desarranjos quando assumiu o cargo, em maio, mas que agora vê horizontes de frutos. O futuro próspero do porto, para ele, passa por característica que o aproxima do novo ministro: confiar no potencial das parcerias público-privadas (PPPs). Durante o processo de diálogo com o ministro Silvio Costa Filho para ser mantido no cargo, foi questionado em especial sobre o que pensa das PPPs.

Outro acordo foi pela aproximação com a iniciativa privada por outras frentes. A determinação que o ministro nos passou foi buscar formas de integrar o privado para que, mantida a autoridade portuária pública, a gente consiga avançar com mais eficiência. As obras de infraestrutura, que passam pela construção do túnel Santos-Guarujá, investimentos nas perimetrais e expansão do porto, devem ser viabilizadas pelo que o presidente chama de "alinhamento dos astros", quando se refere ao ambiente propício para esses investimentos. A orientação da gestão anterior era pela privatização. As obras ficaram em segundo plano, afirma o gestor, que diz estar priorizando o diálogo para organizar a casa. Todos os operadores foram tranquilizados sobre as obras de infraestrutura. Segue a entrevista:

Qual o quadro encontrado quando o sr. assumiu e o que precisou ser perseguido nos primeiros meses?

Anderson Pomini: A orientação da gestão anterior era pela privatização. E sempre que uma gestão trabalha com essa perspectiva, precisa adotar medidas principalmente administrativa. Então demitiram funcionários e reuniram saldo do caixa que agora está próximo de R$ 3 bilhões. Essas medidas resultaram em reclamações principalmente dos operadores portuários. Porque uma das obrigações da autoridade portuária é a realização de obras de infraestrutura. As obras ficaram em segundo plano. Havia uma aflição entre servidores que perderiam seus empregos. Os sindicatos não tinham mais acesso a áreas portuárias. Havia insegurança operacional instaurada em todos os setores. Por isso, em um primeiro momento, prestigiamos o diálogo. Abrimos as portas, recebemos sindicatos, devolvemos acessos. Recebemos todos os operadores e os tranquilizamos sobre as obras de infraestrutura. Ainda hoje, muitos servidores efetivos estão ficando além do horário de expediente. Compromissados com essa responsabilidade de reorganização enquanto abrimos um processo para concurso com 260 vagas. Hoje, o que nós destacamos e que os funcionários aderiram é que temos que demonstrar que a empresa pública pode ser eficiente.

Como foi o diálogo com o novo ministro para que o sr. seguisse no cargo?

Anderson Pomini: Foi uma conversa muito franca e transparente. O ministro demonstrou preocupação com a manutenção dos bons projetos que foram anunciados para as operações portuárias e de logística do porto. Perguntou sobre o que pensamos sobre PPPs, que é defendido por ele. Ele destacou que é um entusiasta e nós também somos. Depois de algumas conversas, chegou o convite para seguirmos liderando a gestão.

O ministro fala em trazer a iniciativa privada para mais próximo. Como isso será feito?

Anderson Pomini: Importante destacar inicialmente que o porto é privado com gestão de fiscalização das áreas pela Autoridade Portuária. Todos os operadores são privados. A nossa função é arrendamento, realização de leilões, fiscalização e manutenção. Além das PPPs, a determinação que o ministro nos passou foi buscar formas de integrar o privado para que, mantida a autoridade portuária pública, a gente consiga avançar com mais eficiência. Buscar no mercado e encontrar soluções, por exemplo, para implementação de novas tecnologias. Essa é uma tendência mundial. Ou seja, a manutenção da autoridade para fiscalizar, para regular o mercado, para defender os interesses entre os grandes e os pequenos, mas com eficiência e com a participação do privado. Isso poderá ser por PPP e por concessão de alguns serviços que estamos estudando.

Como tem encarado a demora para a renovação do Reporto?

Anderson Pomini: Esse é um tema muito importante, porque de nada adianta se tivermos uma boa logística para o recebimento de produtos com aprofundamento do canal, se nós não tivermos a estrutura viabilizada pelo Reporto. Sabemos que na política se esse projeto for classificado entre os principais do Congresso, e esse é o compromisso, certamente nós teremos a aprovação esse ano, com tranquilidade.

Há novidades sobre as discussões em relação aos portos offshore?

Anderson Pomini: Frequentemente recebemos um operador ou outro com interesse. A própria Petrobras se manifestou nesse sentido. É uma tendência mundial, não há necessidade mais do recebimento dos navios nesses cais na área continental, então você pode preparar uma estrutura como acontece em todos os maiores portos do mundo. É uma tendência que certamente nos próximos anos teremos que nos debruçar. Agora, há um receio do próprio mercado e dos operadores privados que se instalaram aqui nos últimos anos fizeram investimentos bilionários. Mas é um receio do mercado, como autoridade portuária, temos de ter uma visão panorâmica pensando no crescimento do porto. Uma expansão segura calibrando também os interesses de mercado, mas atendendo em especial a necessidade do País.

Qual marca o sr. espera deixar nesta gestão?

Anderson Pomini: Primeiro a realização dessas obras importantes como o túnel Santos Guarujá. O que eu percebo é que nesse momento temos um alinhamento histórico dos astros que estão alinhados. Também a promoção da estrutura. Nós precisamos mostrar o quão é importante esse equipamento de logística para o Brasil. Se nós entregarmos as obras de infraestrutura, principalmente o túnel, eu já me darei por satisfeito ao final dos próximos três anos.

Fonte: Broadcast Agro.