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25/Sep/2023

Diesel: restrição à exportação russa deve ser breve

Apesar da alta nos preços e da instabilidade no mercado mundial de combustíveis provocadas pelo anúncio de restrição da exportação de diesel e gasolina russos, a medida deve durar pouco tempo, apostam especialistas no setor. Eles não subestimam os efeitos da medida, mas há um consenso crescente de que a proibição deve durar poucos dias ou, no máximo, semanas. O decreto, porém, não fixa prazo. As razões para essa expectativa são o padrão de excedente de produção russa de derivados ante uma demanda interna menor em situações normais, e a possibilidade real dos refinadores driblarem os objetivos do governo de Vladimir Putin, de orientar cargas até então exportadas para o mercado doméstico e baixar os preços inflacionados de momento.

A consultoria Argus reconhece que em situações normais, fora do pico de demanda por diesel para a colheita da safra agrícola russa ou sem restrições de produção ligadas à manutenção de refinarias, não haveria por que se restringir exportações. A medida é considerada como "desesperada", para forçar uma queda rápida nos preços domésticos dos combustíveis. Nos quase seis meses entre abril e o início desta semana, observa, o preço da gasolina na Bolsa de São Petersburgo acumulou alta de 53%, enquanto, o diesel, de 46%. A StoneX concorda e já disse serem remotas as chances dessa restrição durar muito tempo e incidir no longo prazo. A medida é muito pontual e deve ser revisada em breve, com normalização dos embarques ao exterior.

Para os especialistas, uma extensão desses cortes de exportação pode funcionar como um “tiro no pé” do governo russo, porque haveria meios de driblar o objetivo final da medida e prejudicar a inserção dos combustíveis russos em mercados que ganhou esse ano, como o brasileiro de diesel. As refinarias russas podem frear suas operações para não serem obrigadas a vender mais barato no próprio país ou mudar o grau de processamento dos produtos para escapar às restrições. A segunda saída seria mudar o processamento das unidades para produzir mais diesel S500, que tem maior teor de enxofre, e não o diesel S10, com menos enxofre.

Como só o diesel S10 está proibido de sair do País, os exportadores russos passariam a vender cargas de S500 para serem reprocessadas no destino ou em países de passagem. No caso do diesel russo que vem para o Brasil, há prevalência do S10 e o País não tem plantas aptas a reprocessar para transformar outros tipos de diesel no produto demandado. Mas, outros países poderiam tranquilamente fazer isso. Ao mesmo tempo que não levaria a maior oferta do produto em território russo, o "drible" diminuiria as margens das operações russas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.