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22/Sep/2023

Diesel: os impactos do corte na exportação russa

Os cortes anunciados pelo governo russo nas exportações de diesel e gasolina da Rússia vão alterar a oferta do produto no mercado mundial com efeito sobre os preços em geral, o que inclui importadores brasileiros. A previsão da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) é que o preço de paridade de importação (PPI) avance 5% em função da nova restrição russa. O impacto é geral. O corte anunciado nesta quinta-feira 921/09) já se reflete nos preços internacionais, em alta. Os preços estão subindo, mas ainda não está clara a intensidade desse movimento. Como esse mercado é muito especulativo, fortes altas tendem a ser refeitas (ajustadas) nos dias seguintes. Para o Brasil, uma consequência imediata será um aprofundamento da defasagem entre os preços praticados pela Petrobras com relação ao PPI. Levando em conta os preços do dia 20 de setembro, a Petrobras vende gasolina 6% ou R$ 0,19 por litro abaixo do PPI.

No caso do diesel, essa diferença era de 14% ou R$ 0,64 por litro. Essa diferença vai subir mais e pressionar a Petrobras e refinarias privadas. Desde março, a Petrobras não considera mais um cálculo de PPI para balizar preços, mas sim uma faixa entre o preço marginal da companhia e o preço alternativo do cliente (preço da concorrência), dentro da qual ainda estariam os preços da estatal. A presença do diesel russo no Brasil tornou menos aderentes à realidade os cálculos de defasagem entre os preços da Petrobras e o PPI baseado nos preços do Golfo do México. Existe uma diferença real expressiva de preço, mas seria menor do que o propalado. O aumento global dos preços é somente um primeiro efeito do movimento da Rússia. Como o Brasil vem se tornando grande importador de diesel russo desde abril, só atrás da Turquia, pode haver consequências paralelas no suprimento do mercado brasileiro.

O Brasil importa entre 20% e 30% do diesel que consome. Em agosto, segundo dados do governo federal, o diesel russo representou 74% do total das importações brasileiras. No caso da gasolina, esse risco é menor ou inexistente, uma vez que o País só importa 5% ou menos do volume que consome. Algumas empresas associadas da Abicom têm trazido cargas russas para o Brasil. Destaca-se, também, a importadora Nimofast, que domina o mercado de diesel russo no País. Analistas especializados dizem que ainda não é possível prever qual será o efeito sobre importadores brasileiros que mantêm contratos com fornecedores russos porque as regras do corte e sua duração ainda não estão claras. As consequências para compradores pontuais são evidentes, mas ainda é um mistério para quem tem contrato. Se o governo impedir as cargas de saírem da Rússia, não tem muito o que fazer.

A decisão da Rússia de restringir temporariamente a exportação de gasolina e diesel tem o objetivo de estabilizar os preços dos combustíveis no mercado doméstico, que vêm subindo. Além da maior demanda ligada a picos de safra agrícola, houve manutenções em refinarias, que restringiram a oferta. Antes do anúncio, o governo russo chegou a tentar estabilizar o mercado com o aumento no fornecimento de combustíveis, além de ter organizado o monitoramento diário das compras de combustíveis para as necessidades dos produtores agrícolas com ajuste de volumes. Segundo analistas, a Rússia já tinha encurtado exportações de diesel em cerca de 30%, para cerca de 1,7 milhão de toneladas nos primeiros 20 dias de setembro, em relação ao mesmo período de agosto. A StoneX avalia que são remotas as chances de a Rússia restringir as exportações de gasolina e diesel por longos períodos. Isso porque haveria grande excedente de produção frente à demanda de mercado interno russo, por mais que essa relação tenha ficado apertada nas últimas semanas.

A percepção é de que medida é pontual e deverá ser revisada em breve, à medida em que a situação de abastecimento nacional da Rússia seja normalizada. O impacto para o mercado internacional deve ser limitado. Ainda assim, o impacto imediato nos preços globais foi significativo. O anúncio dos cortes nas exportações russas reforçou o movimento de alta no preço dos contratos futuros da commodity na Bolsa de Nova York, levando a uma alta de até 4%, com o diesel cotado a US$ 3,46 por galão. Nos últimos meses, a Rússia experimentou um aperto na oferta de gasolina e diesel, ligada a movimentos de manutenção em refinarias, além da alta do lado da demanda em função, por exemplo, do aumento do consumo no setor agrícola, animado por pela colheita da safra. Os preços no mercado interno têm tido altas consideráveis. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.