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18/Sep/2023

Bioinsumos: uso auxilia na produção sustentável

A utilização de bioinsumos, tem se mostrado como uma prática que além de ambientalmente correta traz ganhos para as fazendas. O tema sustentabilidade tem ocupado os holofotes globalmente e mais do que nunca aborda práticas sociais, econômicas e ambientais indispensáveis para o futuro de qualquer negócio. Além de ser uma pauta crescente, a sustentabilidade já é uma realidade em vários setores. Dessa forma, práticas como gestão eficiente da água, gestão de resíduos, redução de gases do efeito estufa e o uso de bioinsumos são fundamentais para uma produção ambientalmente sustentável. Neste cenário, o Plano Safra 2023/2024 está promovendo a sustentabilidade, ao fornecer descontos nos juros para os produtores que adotarem medidas sustentáveis, como por exemplo o uso de bioinsumos. Em especial, esse uso vem crescendo nos últimos anos aqui no Brasil. Para garantir uma produção eficiente e equilibrada ambientalmente, o uso de bioinsumos tornou-se necessário para reduzir a utilização de produtos químicos.

É como se fosse uma peça do quebra-cabeça, uma vez que a transição para uma agricultura mais sustentável exigirá uma combinação de várias abordagens, como agricultura regenerativa, uso racional da água, agroecologia e muito mais. De acordo com a Programa Nacional de Bioinsumos (PNB), criado em maio de 2020, bioinsumo é o produto, o processo ou a tecnologia de origem vegetal, animal ou microbiana, destinado ao uso na produção, no armazenamento e no beneficiamento de produtos agropecuários, nos sistemas de produção aquáticos ou de florestas plantadas, que interfiram positivamente no crescimento, no desenvolvimento e no mecanismo de resposta de animais, de plantas, de microrganismos e de substâncias derivadas e que interajam com os produtos e os processos físico-químicos e biológicos. De maneira sucinta, bioinsumos são produtos de origem natural, que promovem crescimento e desenvolvimento de plantas e animais, e podem auxiliar em tratamento de doenças e controle de pragas, além disso também podem ser utilizados na fertilidade do solo.

No mercado se encontra uma diversidade de produtos classificados como bioinsumos, suas utilidades mais comuns são os fitossanitários, fitoterápicos, inoculantes, promotores de crescimento de plantas, biofertilizantes, produtos para nutrição vegetal e animal, defensivos biológicos, entre outros. Por serem pouco tóxicos e biodegradáveis, tornam a produção mais sustentável, já que ao serem comparados com os insumos comuns reduzem os impactos ambientais. Além disso, utilizam de soluções que imitam interações já existentes na natureza. Normalmente são produzidos a partir de matérias-primas naturais (extrato de plantas, enzimas, feromônios, microorganismos) e renováveis e estão disponíveis em quantidades maiores no ambiente, ou são de fácil replicação. Isso impacta positivamente no seu custo de produção, que na maioria das vezes é inferior que insumos convencionais. Além de reduzir o impacto ambiental e o custo de produção do produtor, os bioinsumos podem também aumentar a produtividade.

Sem falar na segurança alimentar e para pessoas que fazem a aplicação, visto que são, em geral, classificados como produtos de baixo risco no Brasil no Ministério de Agricultura, Pecuária. E ainda pode agregar valor no produto. Apesar de todas as vantagens, o produtor precisa estar atento ao fazer uso de produtos biológicos. É importante garantir que o produto seja registrado e de qualidade, e utilizar de maneira prescrita, tanto em relação ao manejo de aplicação quanto a sua finalidade. É importante lembrar que o bioinsumo consiste na manipulação de organismos vivos, o que exige controle mais rígido nas etapas de produção, armazenamento e aplicação. Seu manejo incorreto pode tornar o produto ineficaz. E o uso de produtos não registrados traz o risco de contaminação cruzada por outros microrganismos que podem ser causadores de doenças e a introdução de patógenos de plantas e animais, assim como infecções em humanos antes desconhecidas. Na hora de comprar, o produtor precisa dedicar tempo na escolha, já que segundo o aplicativo Bioinsumos da Embrapa, são 542 produtos registrados apenas para o controle de pragas e 517 inoculantes. Para a cigarrinha-das-pastagens são mais de 80.

A utilização de bioinsumos no Brasil está longe de ser uma novidade. Na agricultura brasileira já é utilizado há bastante tempo na cultura da soja, utilizando bactérias de Bradyrhizobium para fixação de nitrogênio para as plantas. Gerando economia com fertilizantes e aumentando a eficiência. Além de problemas de resistência de pragas, altos custos de produtos, o risco à saúde do aplicador e o impacto ambiental, a busca por uma agricultura mais produtiva, saudável e sustentável tornou indispensável o uso de bioinsumos na produção. Segundo um estudo da CropLife Brasil, associação que reúne especialistas, instituições e empresas para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em agrícola sustentável, feito em parceria com a S&P Global, o valor do mercado brasileiro apenas de biodefensivos foi estimado em cerca de R$ 3,3 bilhões para a safra 2021/2022. Isso representa um crescimento de 219% em relação ao valor de mercado da safra anterior, estimada em R$1,03 bilhão. Se por um lado, na agricultura, a utilização de bioinsumos já está difundida e sendo utilizada, na pecuária de leite a situação é um pouco diferente.

Há ainda um preconceito a respeito desses produtos, principalmente na saúde animal. Na alimentação do rebanho, alguns bioinsumos já são conhecidos e utilizados, como por exemplo leveduras, adicionadas à ração, e comprovadamente aumentam o desempenho animal através da melhora na eficiência alimentar. Além de enzimas digestivas que promovem também desempenho e saúde. Nas pastagens, principalmente para o controle de pragas, também há produtos conhecidos como os fungos Beauveria e Metarhizium, que atuam eficazmente no combate à cigarrinha-das-pastagens. Na silagem também já se faz uso de bioinsumos principalmente na etapa ensilagem, onde há aplicação de inoculantes a base de bactérias homo e heterofermentativas que potencializam a fermentação e combatem a proliferação de fungos e leveduras no silo. Também existem bioestimulantes que possibilitam ganhos na produção de forragem e grãos e melhora na qualidade de alimentos produzidos.

Além disso, o mercado de bioinsumos para o leite ainda está em desenvolvimento, e há empresas e startups pesquisando e desenvolvendo novos produtos para as demais áreas da produção, como o controle de pragas de animais, carrapatos por exemplo, através da utilização de fungos. Reduzindo riscos de contaminação animal e descarte de produção. Ainda há muito a se caminhar, em vista de quão longe está a agricultura no uso de bioinsumos. Na produção de leite ainda é necessária uma quebra de paradigmas, ensinar aos produtores que os benefícios encontrados nesses produtos vão além da sustentabilidade, geram maior produtividade e, se usados da forma correta, podem reduzir os custos. Porém, muitos não sabem o que são os bioinsumos e outros sabem, mas não entendem sua funcionalidade. Esses resultados evidenciam que a maioria dos produtores ainda não conhecem os bioinsumos, e ainda não sabem os benefícios desses produtos, o que é preocupante e desafiador considerando o futuro da produção sustentável. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.