ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

18/Sep/2023

Infraestrutura: Novo PAC enfrenta vários desafios

O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê R$ 1,7 trilhão em investimentos, precisará superar alguns gargalos para poder avançar conforme as projeções do governo. Entre as dificuldades previstas por executivos de empresas, associações empresariais e consultores do setor de infraestrutura estão a falta de mão de obra qualificada para certas atividades, a necessidade de garantias elevadas para as prestadoras de serviços de construção e questões de governança. Mesmo que o governo consiga contornar restrições fiscais e orçamentárias, ainda dependerá bastante da iniciativa privada para fazer o programa avançar. Além de o Novo PAC prever que as empresas terão de contribuir com R$ 612 bilhões em investimentos para fechar a estimativa de R$ 1,7 trilhão, elas também deverão estar aptas a atender a demanda de fornecimento de serviços, em especial, para a construção de infraestrutura.

E um dos maiores gargalos para tocar tantos projetos simultâneos é a necessidade de mão de obra. Especialistas indicam que hoje faltam desde executivos para empresas de construção, a mestres de obras, carpinteiros e trabalhadores mais técnicos. Isso porque, depois da crise no setor de construção pesada na década passada, as empreiteiras demitiram milhares de funcionários. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada-Infraestrutura (Sinicon), o grande desafio hoje para o Novo PAC não é a capacidade técnica. O desafio é de mão de obra. Além da necessidade de atrair profissionais, há ainda a questão da dificuldade em recrutar recém-formados em engenharia. Muitos não têm o desejo de trabalhar em obras espalhadas pelo País.

O tamanho do desafio pode ser ilustrado pelos projetos já anunciados pela Petrobras. A estatal deve ser a grande contratante do Novo PAC, responsável por R$ 323 bilhões em projetos nos próximos quatro anos. O estudo interno feito pela petrolífera indica a necessidade de cerca de 200 mil trabalhadores. Como comparação, nenhuma das grandes empresas prestadoras de serviços tem hoje 15 mil empregados em seu braço de construção pesada, caso de Novonor, Andrade Gutierrez, Mover (ex-Camargo Corrêa), Álya (ex-Queiroz Galvão), Metha e Coesa (resultantes do desmembramento da OAS). Para atividades especializadas, o desafio é ainda maior. O setor de construção naval chegou a empregar, em seu auge, 82 mil pessoas. Hoje, são cerca de 20 mil, segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).

Os estaleiros precisarão atrair, pelo menos, mais 20 mil trabalhadores para dar conta dos contratos que devem ser apresentados no próximo ano. A Petrobras pode licitar a construção de mais de dez barcos de apoio já neste ano, e a Transpetro prepara licitação, para 2024, de 25 grandes navios-petroleiros e de gás de médio porte. As garantias financeiras que terão de ser dadas pelas empresas que vão assumir as obras também podem ser um problema. Com o histórico da Lava Jato, os executivos que vão contratar os projetos preferem se proteger de problemas legais. Assim, evitam correr riscos e exigem percentagens altas de garantias das empresas, que enfrentaram problemas financeiros recentes, com o receio de que elas possam abandonar os projetos. No entanto, ao exigirem das fornecedoras capacidade de financiamento próprio e altos níveis de garantias, encarecem os projetos.

A fragilidade atual das empresas brasileiras com capacidade de participar de grandes obras complica o cenário. Muitas estão saindo de processos de recuperação judicial e não têm acesso a crédito de baixo custo no mercado. Além disso, em seus processos de reestruturação tiveram de se desfazer de muitos ativos e não têm o que oferecer como garantias. Uma saída, para esse entrave, é buscar financiamento bancário. Mas, aí também encontram dificuldades de acesso a taxas abaixo dos 20% anuais. Outra solução seria as empresas brasileiras se unirem a grupos internacionais, que ficariam com uma parte dos lucros em troca de trazer ao projeto uma situação financeira mais estável. O ponto negativo deste tipo de arranjo é que essas parceiras estrangeiras acabam participando apenas marginalmente das operações, e diminuem o lucro de quem vai realizar as obras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.