ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

05/Sep/2023

Norte Conectado: fibra óptica leva internet à Amazônia

A instalação de cabos de fibra óptica nos rios da Amazônia, por meio do Programa Norte Conectado, une empresas brasileiras e estrangeiras em uma iniciativa inédita no mundo nessas proporções. Ao todo, são 12 mil quilômetros de cabos atravessando os leitos dos rios Negro, Solimões, Puruá, Madeira, Juruá e Branco, ao longo de 59 municípios. Metade dos cabos foi destinada ao atendimento de órgãos públicos, como escolas, hospitais, polícia e prefeituras. A outra metade será explorada comercialmente pelas empresas em um contrato válido por 15 anos. Nesta etapa serão construídas três infovias, espécie de dutos por onde passam cabos de fibra óptica, de um total de oito, com 2,3 mil quilômetros. O programa atraiu empresas de atuação nacional e local na sua primeira fase. As duas primeiras infovias estão a cargo de consórcios que reuniram 12 companhias cada um.

É o caso da MobWire, que participa dos dois consórcios. A iniciativa está totalmente em linha com a visão de que não é possível fazer inclusão social sem o lado digital. E as infovias servem para aumentar a cobertura na região e ter uma rede com mais capacidade. A empresa já atua em Macapá (AP) e Santarém (PA), e agora passará a atender também as cidades de Alenquer, Almeirim e Monte Alegre (todas no Pará), por onde passa a infovia 00. A expectativa é de desenvolvimento das economias locais com a chegada da fibra. A partir do momento que aparece a infraestrutura digital, também se vê a atração de empresas de outros setores, que muitas vezes não abrem negócios nesses locais por falta de internet. A produção dos cabos de fibra óptica coube à chinesa ZTT Cables e levou cinco meses para ficar pronta. Depois, foram mais 50 dias para transportar o material da China até o Porto de Manaus (AM).

Este foi o maior projeto de fibra óptica em rios que já visto no mundo. O setor de cabos submarinos já é bem desenvolvido no mercado internacional, mas há poucas empresas que fabricam cabos subfluviais, já que os rios têm condições variadas de correnteza, tensão, acidez e sedimentos. Foi um grande desafio para a empresa, porque teve de participar de uma licitação e atender especificações locais. Depois, o desafio foi achar um navio grande o suficiente para levar essa quantidade de fibra, mas que não fosse tão grande a ponto de não poder navegar pelos rios até o Porto de Manaus. Os cabos vêm enrolados em carretéis gigantescos. Na sequência ocorre o transbordo, quando a fibra é transferida do cargueiro para as balsas que vão lançar os cabos nos rios. O processo para desenrolar os carretéis, com 2,3 mil quilômetros de fios, leva 26 dias.

A partir daí, começa outra tarefa: colocar os cabos nos rios, o que também conta com poucos prestadores de serviço especializados. A função está a cargo da Navegação Prates. Foi preciso adaptar os equipamentos que lançam os cabos no mar para a realidade dos rios. Agora, é preciso estruturar a embarcação para navegar com 60 a 70 pessoas que vão conviver noite e dia. Isso porque o lançamento da fibra nos rios é um trabalho sequencial e ininterrupto, de modo a evitar rompimentos. A balsa vai navegar sem parar o tempo que for necessário para completar os trajetos. A duração varia de 10 a 35 dias, dependendo da extensão das infovias. O consórcio da Infovia 00 (Macapá a Santarém) reúne Aquamar, BR Digital, Claro, Clickip, MobWire, HTM Telecom, Ozônio Telecom, Sea Telecom, Telefônica, TIM, Você Telecom e Easytech.

Por sua vez, o consórcio da Infovia 01 (Santarém a Manaus) conta com Aquamar, BR Digital, Claro, Clickip, Easytech, Manaós, MobWire, Ozônio Telecom, PPLink, Telefônica, TIM e Você Telecom. O que atraiu as empresas foi a possibilidade de fazer a exploração comercial das infovias por meio de uma infraestrutura compartilhada. Ou seja: não foi necessário cada uma construir sua própria rede na região, o que exige um investimento alto e desestimula a oferta de internet em cidades do interior. A licitação não previu pagamento de outorga. Em vez disso, as empresas ficaram responsáveis pela manutenção das redes, que é um serviço difícil e custoso. São necessárias centrais de atendimento em locais remotos na floresta, além de profissionais com conhecimento técnico e experiência em mergulho. Se houver um rompimento da fibra no leito do rio, o reparo deve ser imediato.

Segundo o Ministério das Comunicações, essas empresas se responsabilizam por operar e manter toda a infraestrutura. Em troca, têm o direito de uso da fibra. Os agentes da administração pública fazem uso da infraestrutura, mas não integram o consórcio, portanto, não têm custo para seu usufruto. Nas próximas infovias, o modelo de operação ainda será definido pelo Comitê Gestor do Programa. A tendência é de replicar a estratégia de consórcios, talvez, com algum ajuste dependendo da experiência observada nas primeiras infovias. Naturalmente, o uso do modelo atual deverá ser apreciado e, caso necessário, até rediscutido, caso haja alguma especificidade. A Claro é uma das operadoras presentes nos dois primeiros consórcios e planeja investir R$ 50 milhões no projeto. O dinheiro vai para o prolongamento da fibra até a casa dos clientes e para o lançamento da banda larga em mais cidades, como Santarém (PA).

Em Manaus (AM), maior município da região, a rede aumentará a capacidade de atendimento e servirá de reserva em caso de falhas de outras redes. O Norte Conectado é visto sob dois vieses: aumentar a robustez das nossas redes que já operam na região e levar conectividade para onde ainda não existe. O modelo de consórcio permite que várias empresas passem a atuar em regiões com poucos habitantes, com cidades isoladas e entrecortadas por rios e florestas, o que dificultava a construção de redes próprias. Não faz sentido que cada uma tenha a sua rede. No consórcio, os participantes dividem o custo em partes iguais. Outra grande companhia que se interessou pelo programa foi a TIM. As infovias serão aproveitadas como uma forma de complementar a oferta de conexão à internet e, possivelmente, lançar novos serviços. Na Região Norte, as cidades são mais distantes umas das outras. É mais difícil conectar a população com fibra. E o satélite não garante transmissão de dados com velocidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.