ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

14/Aug/2023

Grupo Vittia divulga resultado do 2º trimestre 2023

O Grupo Vittia, que produz defensivos biológicos e inoculantes e nutrição especial de plantas, registrou prejuízo líquido de R$ 14,56 milhões no segundo trimestre de 2023, ante lucro de R$ 5,28 milhões em igual período do ano anterior. A companhia reportou receita líquida de R$ 72,78 milhões no segundo trimestre do ano, queda de 53,6% ante o período de abril a junho do ano anterior. O Ebitda ajustado ficou negativo em R$ 18,56 milhões no segundo trimestre do ano, ante um resultado positivo de R$ 15,69 milhões um ano antes. Já a margem Ebitda ajustada ficou negativa em 25,5%, ante margem de 10% em igual período de 2022. O segundo trimestre de 2023 apresentou um cenário desfavorável para a comercialização de insumos, porém acreditamos que os fundamentos para o setor continuam a ser positivos para o ano e que a demanda será retomada no segundo semestre, especialmente para tecnologias inovadoras e sustentáveis que podem contribuir para aumento de produtividade em cenário mais desafiador para o produtor.

Uma confluência de fatores inibiu a comercialização de insumos, como dificuldades na negociação da safra de verão (1ª safra 2022/2023) com cenário desfavorável de preço, atrasos na comercialização que levaram a atrasos no planejamento da próxima safra e queda dos preços das commodities, tanto das cotações internacionais como do preço pago para o produto no interior do Brasil. Esse cenário de preço impactou tanto a comercialização da safra 2022/2023, como também as vendas antecipadas da safra 2023/2024, alavanca importante para o início das compras de insumos e, dado que a tendência de queda persistiu ao longo do primeiro semestre, o produtor enxergou que a postergação das compras vinha beneficiando o seu custo de aquisição. Por segmento, a receita operacional líquida de produtos biológicos caiu 33,2%, para R$ 9,08 milhões, enquanto a de fertilizantes foliares e produtos industriais recuou 60%, para R$ 29,65 milhões. A receita de micros de solo caiu 37,5%, para R$ 28,82 milhões, enquanto a de condicionantes de solo e organominerais diminuiu 77,3%, para R$ 5,23 milhões.

Apesar dos desafios observados no curto prazo, é importante salientar que a agricultura brasileira, e o mercado de insumos agrícolas, observa um cenário propício para a safra 2023/2024, pois mesmo que com redução da rentabilidade esperada em termos nominais, o produtor ainda tem perspectiva de bons ganhos, pois a expectativa é de aumento de área plantada, e, se o clima favorecer, de mais uma safra recorde brasileira. A empresa continua, portanto, confiante na expansão dos negócios e segue fortalecendo a rede comercial, aumentando nossos investimentos em P&DI, na estrutura industrial e no capital humano. Os investimentos em Capex atingiram R$ 15,7 milhões no segundo trimestre, queda de 22,5% ante igual período de 2022, com foco na ampliação da capacidade de produção da fábrica de defensivos biológicos e na implantação de uma nova unidade para a produção de macrobiológicos. A companhia investiu R$ 6,9 milhões no segundo trimestre em pesquisa e desenvolvimento, um aumento de 20,1% em relação a igual período do ano anterior, representando 9,5% da receita líquida da Vittia.

A companhia sempre teve um primeiro semestre menor e um segundo semestre mais forte, em termos de receita. Neste ano, o produtor rural retardou a compra de insumos em virtude da preocupação em relação aos custos das lavouras, mas já é possível perceber de forma muito clara uma inversão de cenário. As entradas de pedidos nos meses de julho e agosto foram 60% superiores ao mesmo período do ano passado. O cenário do agronegócio ainda é bastante interessante. “A rentabilidade permanece para o produtor em praticamente todas as culturas, algumas culturas com posicionamento neste momento um pouquinho mais difícil, mas com expectativa positiva para frente. A perspectiva é de nova safra recorde e maior adoção de produtos biológicos. As linhas de organominerais e produtos industriais, "mais commoditizadas", tiveram performance pior de receita bruta no segundo trimestre do que a média da companhia. Além do menor volume de venda, essas linhas também tiveram desempenho prejudicado por preço menor dos produtos.

Quando se compara o segundo trimestre contra o ano anterior, tem preço médio significativamente mais baixo. Isso ocorreu porque as matérias-primas do segmento de organomineral, o chamado NPK, tiveram recuos de preço da ordem de 70% a 80%. A linha de defensivos biológicos teve queda menos acentuada de receita e mantém ritmo de crescimento no acumulado do semestre. As linhas de foliares, defensivos e inoculantes não sofreram pressão de preço, mas a queda de receita foi influenciada pela postergação das compras por parte do produtor. Nas linhas mais commoditizadas, a expectativa é de crescimento de volume no ano, mas, em função da reversão de preço, provavelmente não de receita. Quanto à margem bruta por segmento, os produtos biológicos tiveram crescimento no trimestre. A empresa teve um mix de produtos de maior valor agregado dentro das linhas de biológicos. Contudo, a volatilidade do NPK continua sendo um desafio para as margens na linha de condicionadores de solo e organominerais. A empresa sofreu quando o preço subiu que não conseguiu cobrir a carteira quanto agora na queda de preços.

No fim do ano passado, alguns clientes não honraram seus pedidos, de forma que acabou se formando um estoque caro e descoberto. A reversão deverá vir no segundo semestre. Já se observa aquecimento das vendas e não tem mais estoque relevante formado a preços altos que possa impactar o último semestre do ano. Quanto ao Ebitda ajustado, o pior desempenho é atribuído à queda de receita. O segundo trimestre é historicamente o de menor vendas no ano, só que no ano passado houve uma situação atípica de antecipação de pedidos e faturamento por consequência da guerra, que causou um temor de falta de insumo por parte do produtor. Este ano, teve mudança nesse cenário, e não foi só uma mudança de retornar ao padrão histórico. Foi de uma ponta para a oposta. O produtor vem atrasando tanto os pedidos quanto as entregas em relação à média histórica, então houve uma reversão total na questão de sazonalidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.